Prosub, desenvolvido em Itaguaí, aguarda decisão de agência da ONU
A saga do Brasil para aprovação do submarino com propulsão nuclear continua. No início deste mês, o jornal Folha de S. Paulo publicou matéria falando das dificuldades para que o governo brasileiro aceite os protocolos adicionais estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Sendo que tais protocolos são fundamentais para que o Programa de Submarino (Prosub) brasileiro vá para frente.
No dia 6 de junho, o Brasil fez um pedido formal à AIEA para negociar um pacote de salvaguardas com o objetivo de empregar urânio enriquecido no reator do submarino, cujo protótipo começou a ser construído em 2021 pela Marinha, em Iperó (SP). Já o restante do projeto se desenvolve todo em Itaguaí.
Em 8 de junho, o ATUAL publicou matéria sobre o início das conversações do governo brasileiro com a IAEA. Saiba mais no link: Agência Internacional vai analisar pedido de produção de combustível para o submarino nuclear brasileiro – Jornal Atual
NEGOCIAÇÃO
A negociação é altamente complexa por estabelecer um precedente inédito: um país sem armas nucleares empregando combustível atômico para fins militares —o que sempre gera a preocupação de usos diversos. A Folha ouviu de diplomatas com trânsito na agência, em Viena, que dificilmente tal autorização ocorrerá sem que o Brasil ceda em algumas posições históricas.
Para que os chamados Procedimentos Especiais, o dito aval, sejam aprovados, quase certamente será necessário estabelecer um novo marco jurídico na forma de um protocolo adicional entre Brasil e AIEA para garantir a inspeção das instalações que lidam com o combustível e do reator do submarino. Ainda não se sabe no que o governo brasileiro vai ceder.
O PROJETO
O projeto tem desenvolvimento em Itaguaí, nas dependências da Marinha, e também na Nuclep. Os outros submarinos da Classe Riachuelo, movidos a diesel, comprado aos franceses, já estão em plena construção. Há dois prontos (Riachuelo e Humaitá) e outros dois ainda em fase de implementação de peças (Tonelero e Angostura). O diretor geral da agência nucelar da ONU, Rafael Grossi, já está ciente da intenção do Brasil: ter no seu arsenal um submarino de propulsão nuclear sob um contrato com a empresa de defesa francesa Naval Group. A unidade vai receber o nome de SN Álvaro Alberto (SN-BR).
Em 2009, a assinatura do acordo militar Brasil-França deu nova vida ao programa. Ele destinava € 2 bilhões ao modelo nuclear, dentro de um pacote de € 6,75 bilhões que previa transferência tecnológica, construção de estaleiro e montagem de quatro submarinos de propulsão diesel-elétrica adaptados da classe Scorpène.
Em valores corrigidos, o programa todo já gastou quase R$ 30 bilhões até 2021. Só a rubrica do Álvaro Alberto havia previsto R$ 475 milhões para este ano, embora a execução tenha sofrido restrições diversas vezes ao longo dos anos. Isso, segundo a alegação de militares, levou a atrasos diversos: a embarcação só deve chegar ao mar no fim da década de 2030, talvez 15 anos depois do prazo estimado. Mas antes, é preciso vencer as resistências mundiais no tocante à energia nuclear.
O ATUAL entrou em contato com a ICN, mas até a publicação dessa matéria não houve resposta.