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Pedido de desocupação do prédio do CSU, no centro de Itaguaí, gera protestos

Ainda não está esclarecido o motivo pelo qual a Fundação Leão XIII (órgão de assistência social do governo do estado do Rio de Janeiro) pediu para que o Instituto Casa do Pai desocupe o prédio do Centro Social Urbano (CSU), na rua Prefeito José Maria de Brito – 201, até o mês que vem. O Instituto – uma organização social sem fins lucrativos, fundada há 15 anos – oferece à população no local, desde 2019, uma série de atividades que envolvem esportes, tecnologia, empreendedorismo, educação e cultura.

Com o fim da cessão do espaço, o Instituto Casa do Pai vai encontrar sérios obstáculos para manter os serviços. Por esta razão, moradores da cidade que se beneficiam das aulas e cursos já fizeram duas manifestações para apelar às autoridades que deixem tudo como está. Mas, até o momento, o pedido de desocupação está mantido.

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COOPERAÇÃO TÉCNICA

Waldemar Ávila, presidente do Instituto Casa do Pai, falou com exclusividade ao ATUAL, por telefone, na tarde desta sexta-feira (10). Ele contou que fundou o Instituto com a mulher, Kelaine Goulart, em 2007. Ambos são cristãos e pastores. “Na época, não tínhamos pretensões políticas”, contou ele. A explicação vem bem a calhar, porque Waldemar foi candidato a vice-prefeito de Itaguaí em 2012 (compôs chapa com Aramis Brito), elegeu-se vereador em 2016, disputou cargo de deputado federal (em 2018) e de prefeito (2020).

Protesto na frente do prédio do CSU, na última terça-feira (7): cerca de 580 pessoas participam dos programas do Instituto Casa do Pai, que acontece no imóvel (Divulgação)

As atividades do CSU tiveram início durante o mandado de Waldemar como vereador. Ele conta que em 2017 solicitou à Fundação Leão XIII – detentora do imóvel – duas salas. Na ocasião, a Fundação ocupava apenas um pequeno espaço no prédio, sem atividades para a população. Em 2019, conta o ex-vereador que, quando foi pedir renovação da cessão das salas, recebeu uma oferta da Fundação para ocupar o prédio inteiro, sob a condição de reformá-lo. Assim foi feito. “O prédio estava abandonado. Gastamos cerca de 150 mil reais para consertar tudo”, explicou ele.

A partir disso, estava estabelecido um acordo de cooperação técnica entre a Fundação Leão XIII e o Instituto Casa do Pai, com validade de dois anos.  

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A parceria, portanto, acabaria em julho de 2021. Waldemar resolveu se antecipar, e, em janeiro de 2021, solicitou a prorrogação do acordo. Em julho, com a mudança na presidência da Fundação (Jimmy Pereira assumiu em 23 de agosto), o pedido de Waldemar ficou suspenso. O pastor foi orientado a solicitar novamente a renovação da parceria e conseguiu: por mais cinco anos, o Instituto poderia continuar a usar o espaço para as atividades. A confirmação, mostra Waldemar, aconteceu com a publicação no Diário Oficial do estado, em 14 de janeiro de 2022.

Waldemar Ávila no primeiro protesto, depois do pedido de desocupação do imóvel feito pela Fundação Leão XIII: para ele, há motivação política (Divulgação)

No final de janeiro de 2022, houve nova mudança de presidente na Fundação Leão XIII: saiu Jimmy e entrou Gerson Oliveira dos Anjos Junior.

Em maio de 2022, Gerson pediu para o Instituto Casa do Pai desocupar o prédio, dizendo que não houve publicação oficial da renovação e que, por isso, era nulo o acordo de cooperação técnica.

Então, Waldemar foi conferir o processo administrativo no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), que é público. Ele viu que a Fundação Leão XIII solicitou o prédio a pedido da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc).

Documento mostra que Secretaria de Educação solicitou prédio à Fundação Leão XIII, que é detentora do imóvel: Seeduc não respondeu o que pretende realizar no local (Reprodução)

Com a ameaça de precisar interromper as atividades no CSU, Waldemar mobilizou autoridades, procurou a imprensa, reuniu gente beneficiada com os programas, organizou protestos e continua tentando demover as entidades da ideia de desocupar o prédio.

A Fundação Leão XIII entrou em contato com Waldemar e aconteceu, no dia 3 de junho, uma reunião que não foi conclusiva e nem, digamos, produtiva. De lá para cá a situação não mudou. Waldemar disse ter confirmado que é real a determinação da Seeduc em pedir a desocupação do prédio. O problema é que a secretaria não diz para quê.

MOTIVOS POLÍTICOS

Para Waldemar, é possível que a situação tenha sido criada a partir de perseguição política. Ele e o atual secretário estadual de Educação, Alexandre Valle, disputaram a eleição para prefeito no último pleito. O ex-vereador acredita que, de alguma forma, o seu trabalho no Instituto pode representar algum empecilho para Valle.

O ATUAL perguntou se as atividades do Instituto poderiam significar alguma espécie de capital eleitoral, o que ele prontamente negou ao dizer que não é candidato nas próximas eleições. Mas Kelaine, sua esposa, que compôs chapa com ele em 2020 (ela era candidata a vice-prefeita), é pré-candidata a deputada estadual pelo PP.

Sobre Kelaine ser pré-candidata e atuar no Instituto, Waldemar comenta: “Sempre alguém vai dizer alguma coisa, é possível que ela seja uma adversária política”.

Ainda assim, não se sabe que situação política levaria ao fechamento do espaço, ou à sua reutilização. Mesmo que Waldemar e Kelaine sejam entraves, não se sabe exatamente de quem, ou para quem.

ATIVIDADES NO CSU

O CSU, de fato, oferece variados serviços que são extremamente úteis para – nas contas de Waldemar – cerca de 580 pessoas. Indiretamente, o impacto positivo, garante ele, é para quase três mil.

O Instituto Casa do Pai desenvolve as atividades no CSU baseado nos seguintes pilares: Esporte; Tecnologia; Educação/Cultura e Empreendedorismo social.

No esporte: tae-kwon-do, jiu-jitsu, capoeira, futebol, handebol, vôlei, ginástica aeróbica e funcional

Tecnologia: laboratório de robótica e programas de educação e inclusão digital.

Educação e cultura: reforço escolar, preparatório para o Enem, preparatório para a OAB e passeios culturais no programa “Ponte do Conhecimento”.

Prédio fica no centro de Itaguaí. Segundo presidente do Instituto Casa do Pai, reforma foi parte do acordo para cessão de espaço do imóvel e custou cerca de R$ 150 mil (Reprodução internet)

Empreenderismo social: formação e cursos para barbeiro, cabeleireiro, design de sobrancelhas, culinária e gastronomia, corte e costura.

Ainda há ações sociais, como a de castração de animais, que começa na próxima segunda-feira (13) e eventos culturais, como a Feira Cultural Urbana, no sábado (11), com skate street, gastronomia, dança de rua, exposição de grafite, DJs, bazar e serviços.

FUNDAÇÃO E SEEDUC

A reportagem entrou em contato com a Fundação Leão XIII, que confirmou a realização da reunião no dia 3 de junho e acrescentou: “A Fundação Leão XIII está atuando para que não haja prejuízos, sobretudo, às pessoas assistidas pelo projeto”.

O ATUAL também procurou a Secretaria Estadual de Educação e perguntou o motivo pelo qual solicitou o prédio, e o que pretende fazer funcionar no imóvel, mas até o momento da publicação desta matéria não recebeu resposta.

Jupy Junior

Jupy Junior é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) com Mestrado em Comunicação pela mesma instituição. Atuou em diversas empresas jornalísticas e como assessor de imprensa. Recebeu o título de cidadão itaguaiense, concedido pela Câmara Municipal de Itaguaí, em 2012. Lecionou em cursos de graduação Comunicação Social nas Universidade Estácio de Sá (UNESA) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Foi subsecretário de Comunicação Social e Eventos na Prefeitura Municipal de Mangaratiba em 2016. Atuou como Editor Executivo do Jornal Atual entre 2012 e 2015 e é Diretor de Jornalismo do Jornal Atual desde 2021.

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