Pais protestam contra a falta de profissionais no Capsi Itaguaí
DESCASO
A saúde pública de Itaguaí sofre mais uma vez com os descasos e desmandos do prefeito Carlo Bussato Junior, o Charlinho (MDB). Na manhã desta segunda-feira (5), familiares de pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Capsi) Casinha Azul fizeram um ato para protestar contra a falta de profissionais na instituição, o que compromete seriamente o atendimento dispensado ao público que necessita de atenção e tratamento aos portadores de transtornos mentais. De acordo com familiares dos assistidos, a prefeitura retirou cinco profissionais da área de psicologia da unidade, o que ocasionou o cancelamento das consultas.
Para Joismara Correa Abreu, mãe de um paciente autista, a falta dos profissionais compromete o trabalho desenvolvido pelo Capsi. “É uma crueldade mexer com algo que vem funcionando no município. É um absurdo o que o prefeito está fazendo”, disse.
Ainda segundo os relatos dos familiares, não é a primeira vez que o Capsi Casinha Azul sofre com os descasos da prefeitura. No ano passado, o centro ficou fechado por cerca de um ano. De acordo com os acompanhantes, a prefeitura alega falta de recursos. “A prefeitura diz que não tem recursos, mas ela recebe uma verba de R$ 100 mil do Governo Federal, destinada aos Caps do município”, relatou Alessandra Lopes, mãe de um paciente.
Além de comprometer o tratamento dos pacientes, a falta dos psicólogos afeta também os familiares. “É aqui no Capsi que encontramos tratamento para as nossas crianças e para nós também. Muitos pais são ajudados aqui”, relatou Eliezer Xavier, outra mãe de paciente.
Para protestar contra essa situação, os manifestantes caminharam até a prefeitura com faixas e cartazes pedindo a volta dos profissionais. Um dos pacientes que participou do protesto disse que está aguardando a medicação para continuar a o tratamento. “Eu preciso muito dos psicólogos que foram demitidos. Eu me sinto mal, a minha medicação está acabando e não tem quem possa prescrever”, reclamou o paciente Ulisses Eduardo da Silva.
Os pais também aproveitaram o protesto para reclamar da falta de mediadores nas unidades de ensino do município. Segundo eles, a falta desses profissionais em salas de aula regulares, no acompanhamento de crianças com diversos tipos de deficiência, faz com que muitas delas fiquem em casa, enfrentando maior dificuldade de aprendizado.
Além do protesto nas ruas, os pacientes e familiares redigiram um documento formalizando as reivindicações e o encaminharam ao Conselho da Criança e Adolescente. Eles também se mobilizaram em torno de um abaixo-assinado para ser encaminhado ao Ministério Público.
Vereadores acompanham o caso
O Vereador Waldemar Ávila (PHS) acompanhou o protesto e prometeu encaminhar ofícios ao Conselho Municipal de Saúde e à Comissão Municipal de Saúde da Câmara Municipal de Itaguaí cobrando providências que viabilizem o retorno dos profissionais à rotina de funcionamento do Capsi. “É um descaso total por parte do prefeito, que não está atuando a favor da população”, disse o vereador ao ATUAL.
O vereador André Amorim também se pronunciou sobre o protesto, numa transmissão ao vivo no Facebook, na qual criticou a falta de informações por parte da prefeitura. “Os motivos provavelmente são o excesso na folha de pagamento, porque eles precisam passar o ano com a folha em dia. Mas é uma covardia tirar os atendimentos contínuos, as terapias”, lamentou.
André Amorim também justificou sua ausência na passeata. “Eu não quis ir lá, porque não é o momento de fazer política. Definitivamente não é”, sustentou. O parlamentar ressaltou ainda que enquanto ocorria a manifestação, ele estava preparando documentos para obter informações a respeito da decisão da prefeitura. “Protocolei hoje na câmara municipal um requerimento em que busco saber qual a estrutura de profissionais que atuam na saúde mental do município”, explicou.
Ainda no vídeo, André Amorim pediu que os pacientes, familiares e moradores de Itaguaí compareçam à sessão da Câmara Municipal de Itaguaí para acompanhar a votação do requerimento, na expectativa de que ele seja aprovado. “Se vocês não vierem pra cá tentar me ajudar, não a mim, mas aos pais e aos pacientes, corre-se o risco da gente não saber nada disso que está sendo feito”, alertou.
VINICIO DA MATTA
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NICOLAS TEIXEIRA (ESTAGIÁRIO)