Marinha recebe submarino Riachuelo, o sexto de sua frota
A Marinha do Brasil recebeu, oficialmente, mais um submarino nesta quinta-feira (01). Em cerimônia realizada na Base de Submarinos da Ilha da Madeira, no Complexo Naval de Itaguaí, foi concluída a transferência do S-40 Riachuelo para a Força Armada nacional. A entrega é fruto de um acordo de transferência de tecnologia assinado com a França em 2008, entre os então presidentes Luiz Inácio Lula da Sila e Nicolas Sarkozy.
Com a nova embarcação, de modelo convencional Scorpène com propulsão diesel-elétrica, o Brasil fica mais perto de se tornar a maior potência submarina da América do Sul. Ao lado do Peru, o país tem agora um total de seis submarinos – os outros cinco são o modelo alemão IKL-209/1.400 e outros quatro da classe Tupi, que é uma linha de fabricação nacional que tem o Tikuna, de 2005, como exemplar mais avançado e recente.
E a tendência é que essa frota aumente nos próximos anos, já que o negócio com os franceses prevê a incorporação de mais três submarinos convencionais e um SCPN, sigla para Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear – o primeiro do país.
Entretanto, não há um prazo definido para a entrega dessas embarcações – cuja tecnologia francesa é parcialmente alterada por especialistas brasileiros. O próprio Riachuelo chega para a posse da Marinha com atraso de cinco anos, já que, de acordo com o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), o planejamento inicial era de que ele estivesse em operação desde 2017 – o submarino foi lançado ao mar no fim de 2018 e, desde então, passa por uma série de testes.
COMPRIMENTO E CASCO
Sétimo navio da Marinha a receber tal nome, em homenagem à Batalha Naval do Riachuelo (1865), o S-40 Riachuelo tem um comprimento total de 70,62 metros, com 6,2 metros de diâmetro de casco. Sua capacidade é de 1,740 toneladas em deslocamento na superfície e 1.900 toneladas em deslocamento pós-imersão.
Já em seu sistema de combate, o submarino conta com seis tubos lançadores de armas, que podem disparar torpedos eletroacústicos pesados, mísseis táticos do tipo submarino-superfície e minas de fundo.
Toda a tecnologia do submarino está de acordo com o objetivo do Prosub, que consiste em aumentar a cobertura da Marinha na proteção da chamada Amazônia Azul, área com 5,7 milhões de km². A expansão da fronteira tecnológica do país também é uma meta.
OUTROS SUBMARINOS
Agora, com o Riachuelo já em operação, a Marinha volta as atenções para redefinição do cronograma de entrega dos outros submarinos convencionais. Por conta de orçamento e contratempos típicos de construções do setor, o submarino Humaitá deveria estar em operação em 2019, mas só em 2020 começou a ser testado. Já o Tonelero e o Angostura tinham como prazo 2020 e 2022, respectivamente. Até o momento, não há uma previsão minimamente confiável para o lançamento dessas embarcações.
O mesmo se passa com o submarino de propulsão nuclear. A expectativa inicial era para 2034, mas a Marinha já trabalha com um prazo bem mais amplo.
CIFRAS ALTAS
O que se sabe até o momento é o quanto esses reforços na esquadra brasileira estão custando. De acordo com apuração do jornal Folha de S. Paulo, os quatro modelos convencionais, o desenvolvimento do nuclear, o estaleiro e a base naval foram orçados em € 6,5 bilhões – ou € 7,3 bilhões em valores corrigidos, o que daria R$ 37,7 bilhões caso a verba fosse desembolsada nos dias de hoje.
Sem dúvida, os custos poderiam ser menores, não fosse o projeto do submarino nuclear. Um modelo convencional chega a custar um terço menos.
As cifras maiores, claro, se explicam pelas vantagens que o modelo nuclear tem sobre o convencional. As principais são a autonomia, uma vez que o submarino pode ficar no mar enquanto houver suprimentos para a tripulação; e o longo alcance de seu armamento.
Já o convencional é mais silencioso, o que dificulta o seu rastreamento por parte do inimigo. Em contrapartida, só pode ficar submerso por cinco dias, como é o caso do Riachuelo.