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Mangaratiba: Jaguanum sofre com cabos de alta tensão espalhados

Quem reside ou frequenta Mangaratiba sabe que a Ilha de Jaguanum é um dos pontos turísticos mais famosos do município. Mas, infelizmente, não são apenas as belezas naturais das 11 praias da região que têm chamado atenção nos últimos meses. Em trilhas e até no mar, cabos de energia elétrica de alta tensão assustam quem quer só contemplar a natureza. 

Apesar do risco iminente, o choque causado pelos vários fios espalhados – uma responsabilidade da concessionária Enel – fica apenas no sentido figurado. Ao menos, até hoje: “Até o momento, não tenho notícias de alguém que tenha se ferido. Graças a Deus”, agradece, Aline Nunes, nascida em Jaguanum há 36 anos, em entrevista ao ATUAL.

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Com apoio de outros moradores, Aline – diarista do Chalé Jaguanum há dois anos – decidiu apelar para o poder público. Ela convidou o vereador Hugo Graçano (MDB), que foi à região no último fim de semana, registrou os problemas e postou as imagens em suas redes sociais – confira algumas no vídeo acima.

O vereador Hugo Graçano em Jaguanum; ao fundo em destaque, fios desprotegidos nas pedras (Jonas H. Mendes)

Na postagem do vereador, é possível ver a fiação exposta em trilhas – tanto em meio às árvores, quanto no solo – e nas pedras de praias, em contato direto com a água do mar. À reportagem, o parlamentar reiterou o perigo que os cabos representam para moradores, trabalhadores locais e turistas: “Quando cheguei à Praia da Estopa, vi muitos fios amarrados. Depois, em Calhaus, havia fios de alta tensão jogados na trilha. Espero que não estejam energizados. E não sei se estão porque não vou fazer o teste”.

ENEL RESPONDE

O ATUAL procurou a Prefeitura de Mangaratiba para buscar um posicionamento quanto à fiscalização sobre a Enel. A assessoria de comunicação do Executivo municipal, entretanto, disse que somente a concessionária poderia responder pela situação.

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Já a empresa respondeu e reconheceu o transtorno. Por meio de nota, assegurou que os cabos em questão “são isolados e não apresentam risco à população” e que precisam ficar no solo “já que o local apresenta particularidades que não permitem a instalação de postes”.

A Enel também explicou que quedas de árvores e outros eventos climáticos, como ventanias e descargas atmosféricas, são as causas mais comuns de rompimento da fiação. A companhia garantiu que “no prazo de 30 dias serão realizadas podas e correções de manutenção”.

DESCASO E DESLEIXO

Embora já em andamento, a solução da Enel é tardia, segundo os moradores. A diarista Aline Nunes garante que fiação espalhada e rompida em Jaguanum não é um acontecimento de 2023: “Isso já vem há anos. No ano passado, uma amiga fez uma trilha e viu esses fios no chão. Ela até postou no Facebook. Isso é um descaso da empresa Enel”.

Já o vereador Hugo Graçano – que enviou um ofício à Enel solicitando agilidade nos reparos na rede elétrica – acredita que o problema é fruto de falta de supervisão: “Acho que é desleixo, descuido da Enel. Questão de manutenção mesmo”.

Dentre os problemas, estão fios em contato com o mar aparentemente sem manutenção e ao alcance das pessoas (Jonas H. Mendes)

PREJUÍZOS

Fora os riscos, tal “desleixo”, observa o parlamentar, representa também prejuízo para o turismo da cidade: “Quem vai querer ficar num lugar sem energia elétrica? Tem que ter o básico”.

Mais do que turistas, os apagões afetam quem está na região todos os dias, como moradores e trabalhadores: “Quedas de energia elétrica são constantes aqui, principalmente quando venta e chove muito”, relata Aline, ressaltando que as dificuldades em Jaguanum estão ligadas às de outras áreas de Mangaratiba: “Quando um cabo de energia se rompe na Ilha da Sororoca, ficamos sem luz por dias aqui. Já aconteceu uma vez de ficarmos três dias sem luz”.

Além de atormentar os locais e afugentar turistas que não querem ficar no escuro e no calor, as constantes quedas de energia elétrica causam um tipo de prejuízo específico a estabelecimentos como pousadas e restaurantes: as perdas. Por exemplo, o Chalé Jaguanum, onde Aline trabalha, já teve queimados televisão, freezer, geladeira e bomba d’água.

E como não poderia ser diferente, a pane num freezer resulta no desperdício involuntário de mercadorias: “Temos nosso pescado no freezer, mas muitas vezes precisamos colocar gelo para não perder”, detalha Aline, torcendo para que a Enel cumpra o prazo: “Vai ser muito importante para nós moradores e para os turistas”.

Luiz Maurício Monteiro

Repórter com mais de 15 anos de trajetória e passagens por diferentes editorias, como Cidade, Cultura e Esportes.

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