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Férias, festas… Artesãs de Itaguaí esperam elevar vendas em dezembro

Mês de férias escolares e festas de fim de ano, dezembro costuma significar mais dinheiro no bolso para quem trabalha com vendas em cidades litorâneas como Itaguaí. Dentre esses profissionais, estão os artesãos, classe representada por 407 cadastrados no SMIIC (Sistema Municipal de Instituições e Indicativos Culturais), segundo a prefeitura.

A propósito, o ATUAL questionou a gestão municipal sobre o ganho médio mensal de um artesão cadastrado em Itaguaí, e o quanto esse faturamento pode crescer em dezembro. A Secretaria de Educação e Cultura, no entanto, não tinha tais respostas.

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Mas a verdade é que o último mês do ano, marcado por um número maior de turistas na cidade, chegou para injetar ânimo em quem produz e vende artesanato no município. Para ter uma noção dessa expectativa, a reportagem ouviu três artesãs, todas moradoras de Vila Geni, em Coroa Grande, e integrantes do grupo Artesãs da Vila, que ajuda a fomentar a atividade na cidade.

MAIS VENDAS

Idealizadora do Artesãs da Vila, cujo ponto de venda fica em frente à Praça do Kome Kéto, Fabiana Simões, de 51 anos, tem o artesanato como um complemento de renda – a maior fatia dos recursos vem de um bazar em casa, onde vende roupas e outros itens.

Mesmo assim, a comerciante, que trabalha com a arte desde a infância, torce para que suas peças feitas a partir de materiais de reciclagem e reaproveitamento – miniaturas de instalações de Itaguaí, algumas das quais ela fez para expor nas festas de aniversário da cidade – tenham mais procura, já que é este o histórico do mês:

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“A gente espera lucrar mais em dezembro porque as vendas costumam aumentar”

Fabiana Simões, artesã

Principal provedora de sua casa, ela sabe da importância do mês na composição de sua receita com o artesanato. Por isso, torce para que as condições climáticas típicas da época não atrapalhem seus planos de faturar mais: “Se não chover, espero, sim, ganhar mais que o habitual”.

Assim como Fabiana, Benvinda Grossi, de 59 anos, se baseia no histórico do mês para sugerir um faturamento até duplicado nas próximas semanas: “Em dezembro, se vende bastante. Até dobra”, salienta ela, revelando que não precisou esperar dezembro chegar para aumentar a arrecadação: “Fiz boas vendas em novembro, na orla de Coroa Grande”.

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Já Rosangela Nascimento, de 48 anos, espera o mesmo para o seu comércio de bijuterias – material com o qual trabalha há quatro anos: “Minha expectativa está bem elevada, até pelo que tenho visto pela cidade”, relata a artesã, que tem um motivo de sobra para ansiar por sucesso nas vendas, já que o artesanato é seu único lucro.   

AUTO INVESTIMENTO

Mas ao contrário do que muita gente pode sugerir, a ideia do trio não é usar os dividendos extras desse fim de ano para finalidades pessoais. Benvinda – que tem o crochê, com o qual trabalha há 20 anos, como única fonte de renda – é um exemplo de visão empreendedora.

A prioridade dela é investir no próprio negócio: “O que ganho com artesanato emprego em material, sempre procurando pagar mais barato, na promoção”, explica a artesã, admitindo que, quando possível, também dá outro destino ao dinheiro:

“Também compro uns presentinhos para os meus netos (risos)”

Benvinda Grossi, artesã

Rosangela, por sua vez, pretende seguir a mesma linha ao garantir que supérfluos precisarão esperar: “Vou empreender no meu negócio e deixar algumas coisas, tipo vaidades, para quando puder. A hora de faturar é agora”.

Essa estratégia do auto investimento, inclusive, foi o que garantiu a Fabiana melhorar a sua estrutura de trabalho: “Antigamente, eu não tinha uma lixadeira, furadeira, por exemplo. Fazia manualmente, procurava na Internet como fazer. Hoje, já tenho mais coisas”, comemora ela, ponderando: “Mas ainda não tenho outras ferramentas, como um polidor. Por isso quero investir, para ir comprando o material aos poucos”.

APOIO PÚBLICO

Além de dezembro, outro fator favorável aos artesãos de Itaguaí é o trabalho da prefeitura, que as próprias profissionais enfatizam: “Esse apoio é primordial para nós”, acrescenta Rosangela.

Em resposta ao ATUAL sobre as ações do Executivo municipal destinadas ao setor, a Secretaria de Educação e Cultura mencionou a estrutura cedida na feira Ita Artes; um convênio para formação de artesãos na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro); uma parceria com o Governo do Estado para cadastramento e recadastramento na Carteira Nacional do Artesão, o que permite o trabalhador participar de eventos pelo RJ; e um espaço exclusivo na Expo Itaguaí, o maior evento cultural da cidade.

Sobre iniciativas de recursos diretos para os artesãos, a secretaria listou Editais de fomento, como FCULTI, Lei Aldir Blanc e Lei Paulo Gustavo.

TRABALHO EM DOBRO

Ainda sobre dezembro, o que promete ser proporcional ao faturamento, entretanto, é o trabalho. Afinal, quanto mais o artesão vende suas peças, mais precisa produzir para repor o estoque: “Essa época é cansativa”, constata Rosangela, lembrando que a falta de um espaço exclusivo para trabalhar é um desafio a mais:

“Meu cantinho de produção é minha casa. Então, sempre se misturam o artesanato e os afazeres de casa”

Rosangela Nascimento, artesã

Da mesma forma, Benvinda – que também atua por bairros da Zona Oeste, onde residiu antes de se mudar para Coroa Grande – também não tem um ateliê para tricotar, mas conta que a prática e até as características do seu artesanato a permitem fazer seu trabalho nos mais variados locais: “Em passeios de carro, por exemplo, vou aonde for com uma agulha e uma linha para fazer meu crochê. Na sala de espera do médico a mesma coisa. Para onde vou, levo meu artesanato”.

Quanto à carga de trabalho mais pesada, Fabiana reconhece a maratona de artesanato, mas minimiza o desgaste ao pensar em outras coisas que, assim como o dinheiro, também fazem rir: “Nos divertimos! Conhecemos pessoas diferentes, os clientes, trocamos ideias… Também tem atrações nos eventos em que trabalhamos, como shows. Enfim, trabalhar com produção e venda é cansativo, mas divertido (risos)”.

Luiz Maurício Monteiro

Repórter com mais de 15 anos de trajetória e passagens por diferentes editorias, como Cidade, Cultura e Esportes.

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