Famílias buscam parentes desaparecidos em Mangaratiba e Itaguaí

Duas famílias, uma de Itaguaí e outra de Mangaratiba, compartilham atualmente o mesmo drama: o de ter um parente desaparecido. E como se tal angústia não fosse o suficiente, precisam ainda lidar com informações inconsistentes, boatos e até golpes.
Ao tomar conhecimento de ambos os casos em grupos no Facebook, o ATUAL conversou com familiares dessas duas pessoas a fim de colaborar para um desfecho feliz.
Em Mangaratiba, Lídio Couto falou sobre as tentativas de localizar o sogro, o aposentado Joaquim Francisco Teixeira, de 79 anos, visto pela última vez em 21 de janeiro, no portão de casa, em Nova Mangaratiba. Ele disponibiliza o número de WhatsApp (21) 21 98207-0127 (falar com Eni) para quem tiver imagens e informações confiáveis.
Já em Itaguaí, Jéssica Gadioli e a família buscam por Lucas Correia Colares, pedreiro de 26 anos, que desapareceu no último dia 17, no bairro Teixeira, onde reside e vinha trabalhando em uma obra na casa de uma prima. Para informações confiáveis e imagens, ela, que é tia do jovem, divulga o próprio número de WhatsApp: (21) 97014-6024.
CARACTERÍSTICAS
No dia em que sumiu, Seu Joaquim vestia calça cinza, camisa xadrez (branca e azul), boné vermelho e mochila verde. Ele portava ainda um cabo de vassoura para se equilibrar.
Lídio ressalta que o idoso não costumava sair para longe: “Ia à igreja e ficava muito em um ponto de ônibus perto de casa, conversando com uns rapazes que vendem frutas”.

Ele destaca, entretanto, que no dia 21 de janeiro, o idoso saiu de casa pela primeira vez sem avisar aonde ia, além de já conviver há algum tempo com esquecimentos: “Tinha problemas de memória”.
De acordo com Jéssica, Lucas também não disse aonde ia no dia em que desapareceu. O que ela sabe é que ele não costumava sair tarde da obra:
“Ele estava trabalhando até as 16h naquele dia. Costumava ir cedo para casa”
Jéssica Gadioli, tia de Lucas
Da data do desaparecimento, Jéssica salvou uma foto do rapaz no serviço, na qual ele aparece com um chapéu em tom cáqui e uma bermuda escura, da marca Nike.

BUSCAS
À procura de Lucas, Jéssica e a família já procuraram Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Samu e UPA. Nada que tenha dado resultados até o momento, o que só aumenta a aflição: “Ele tem uma filha de 7 anos que está desesperada, tadinha”, lamenta a tia do jovem.
Sobre um possível lugar onde Lucas estaria, Jéssica não tem um palpite, mas revela que o sobrinho fazia uso de entorpecente: “Ele é trabalhador, mas é usuário de maconha. Costumava buscar…”.
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Também em meio a uma peregrinação pelo sogro, Lídio conta que a família já procurou pelo aposentado em hospitais, abrigos e até IML (Instituto Médico Legal), não só de Mangaratiba, mas também de cidades no entorno, como Volta Redonda.
Inclusive, uma sugestão da família é de que Seu Joaquim possa estar em Ipanema (MG), sua cidade natal: “Ele sempre desejou ir para lá. Há quatro meses, o levamos, mas na ocasião, não quis ficar. Porém, seguiu falando que queria voltar”, recorda o genro.
RETORNO DA POLÍCIA
Logo após constatarem os desaparecimentos, ambas as famílias procuraram a Polícia Civil para registrar a ocorrência.
Jéssica disse ao ATUAL que, após fazer o R.O na 50ª DP (Itaguaí), foi procurada na quarta (21) por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Mas a tia do rapaz afirma que os policiais buscavam apenas mais informações, sem qualquer novidade.
A reportagem procurou a Polícia Civil em busca de um posicionamento. A corporação confirmou que o Setor de Descoberta de Paradeiros da DHBF deu continuidade às investigações e garantiu que “diligências estão em andamento para localizá-lo”.

Sobre o caso de Seu Joaquim, a Polícia Civil deu a mesma reposta: “Diligências estão em andamento para localizá-lo”.
Lídio, que registrou a ocorrência na 165ª DP (Mangaratiba), lamenta que as investigações não tenham avançado, mas reconhece os esforços: “Nenhum sinal. Estão empenhados, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e o GPA (Grupamento de Proteção Ambiental) da Guarda Municipal. Mas todos com a mesma dificuldade de encontrar pistas”.
ESPERANÇA
Mesmo com as adversidades nas investigações, a família de Seu Joaquim mantém a confiança inabalada de que o acharão vivo, apesar dos mais de 30 dias desde o sumiço: “A fé em Deus não pode ser perdida. E pelo tempo que ele está desaparecido, se tivesse morrido, já o teríamos encontrado. O próprio comissário da Polícia Civil falou que é mais fácil encontrar a pessoa morta do que viva”, observa Lídio, completando:
“Tudo leva a crer que está vivo em algum lugar. Descobrir onde é que tem sido difícil”
Lídio Couto, genro de Seu Joaquim
Jéssica também apela às forças divinas para que Lucas seja achado com vida: “Esperança e fé são as últimas a morrerem. Creio que, em nome do Senhor, o encontraremos”.
INFORMAÇÕES DESENCONTRADAS
Além de fé, os familiares de Seu Joaquim e Lucas precisam também de serenidade diante do descuido e da falta de empatia daqueles que enviam pistas pouco confiáveis.
Lídio revela como se sente a cada informação “furada”: “Fico frustrado, porque toda dica gera uma expectativa enorme. A pessoa diz “eu vi”, mas não tem uma foto, uma imagem… E depois quando a gente vai ao local, não encontra nada”.
Jéssica admite que episódios assim só aumentam o desespero da família de Lucas: “Chegam muitos boatos, e a gente fica sem saber se ele está vivo ou morto. Eu não durmo, não como… A mãe e o irmão estão em estado de choque. Não temos mais psicológico”.

GOLPES
Mas além daqueles que alimentam e repassam boatos e informações desencontradas, há quem se aproveite do drama alheio para fazer pior. Jéssica lembra que três dias após o sumiço de Lucas, a família sofreu um golpe:
“Mandaram mensagem no dia 20 falando que estavam com ele, mas só nos levaram R$ 850, o único dinheiro que tínhamos”
Jéssica Gadioli, tia de Lucas
No caso da família de Seu Joaquim, o golpista fez os parentes pararem em Muriaé (MG). Lídio recorda que um homem, que se identificou como André, fez contato assegurando ter encontrado o idoso no município mineiro.
O sujeito afirmou que viu Seu Joaquim à beira de uma estrada, mas que não pode parar de imediato porque o carro no qual viajava estava lotado: “Então, ele se ofereceu para voltar ao local, que, segundo ele, ficava a uns 200 quilômetros de distância”, narra Lídio.
Durante o contato, o golpista propôs buscar Seu Joaquim enquanto a família estivesse em deslocamento para Muriaé. Em contrapartida, pediu uma contribuição em dinheiro para o combustível: “A gente pensou bastante, mas naquela situação, decidiu fazer um PIX de R$ 200. E fomos para Muriaé”, conta o genro do aposentado.
No entanto, quando a família avisou ao suposto anjo da guarda que havia chegado à cidade mineira, veio o golpe: “Ele bloqueou todos no WhatsApp e deletou as conversas”, lembra Lídio, encerrando com um desabafo: “O sentimento foi de muita revolta”.