Culto ao legado da cantora Marlene une gerações

Morta há 9 anos, a cantora Marlene deixou um legado que mantém fidelizadas pessoas de diferentes gerações e que despertou no estudante de História, Marlon Accioly, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o interesse em transformar a herança histórica da artista em tema de sua tese de graduação. “A minha monografia não está fechada ainda, mas estou vendo os caminhos que está tomando conforme as fontes que estou reunindo”, diz ele, que no mês de julho participou de evento em Copacabana, onde a Associação Marlenista do Rio de Janeiro (AMRJ) lançou uma publicação alusiva aos 70 anos da eleição de Marlene como a maior figura feminina do rádio em 1953, em escolha do Jornal Diário da Noite, dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand.

Aos 22 anos, Marlon Accioly não é uma exceção entre os jovens admiradores da cantora. Os eventos promovidos pela AMRJ costuma ser prestigiado por um grupo de jovens influenciadores digitais que usam as redes sociais para manter viva a memória da eterna Rainha do Rádio. Essa nova geração marcou presença no evento na Zona Sul do Rio, onde teve a oportunidade de  trocar impressões com Marlon, contribuindo para que o estudante da UFRRJ colhesse novos elementos para dar continuidade ao seu processo de pesquisa. Mas no evento, Marlon não teve só a preocupação de absorver novos conhecimentos. Ele foi convidado ao microfone para falar sobre sua escolha de considerar o legado da artista como possibilidade de tema da monografia que cogita apresentar. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Jovens influenciadores digitais marcaram presença em Copacabana, ajudando a manter o legado de Marlene

PROXIMIDADE COM A MARLENISTA

No evento em Copacabana, que teve o Restaurante Garota de Copacabana como palco, Marlon Accioly se encontrou com Cezar Sepulveda, o presidente da AMRJ. Mas seu contato com a entidade começou antes, em Campo Grande. Ele contou ao Atual que ao despertar para a história da cantora começou a buscar ajuda, como a do orientador Fábio Henrique Lopes, que o indicou seu ex-orientando Paulo Vitor, que o auxiliou a encontrar fontes orais. “Ao falar de uma informação sobre a Marlene em um show no Cassino Bangu, o Paulo me falou de um integrante do Fã-clube da Marlene que possivelmente morava em Campo Grande. Com a ajuda de sua amiga Suzy Parker, que fez parte da sua pesquisa de mestrado, consegui contato”, diz ele, explicando como chegou ao professor Ciro Gallo.

Vice-presidente da AMRJ, o professor de História aposentado Ciro Gallo, que tem 79 anos é e detentor de boa parte do acervo da artista, acabou entrevistado por Marlon, que cursa o 6º período de História na UFRRJ. Além de abrir caminho para uma nova amizade a conversa rendeu fontes mais sólidas para ele se aproximar do universo de Marlene. “Eu já tinha tido interesse em por ela como objeto de pesquisa antes do Ciro, mas ele me introduziu melhor no mundo da Marlene e do Fã-clube”, explica Marlon, acentuando que seu ponto de partida foi a busca por espaços de sociabilidade de pessoas homoafetivas e trans, hoje o grupo denominado LGBTQIAPN+, na Zona Oeste do Rio de Janeiro na segunda metade do século XX. “Percebi que a Marlene tem o fã-clube dela como esse espaço de sociabilidade, que procuro explorar suas relações e possivelmente o significado do espaço e da Marlene para essas pessoas”, conclui Marlon.

ESTRELA DA ERA DO RÁDIO

Nascida Victória Bonaiutti de Martino, no bairro paulistano da Bela Vista, um conhecido reduto de ítalo-brasileiros, a cantora Marlene era filha de dois imigrantes italianos. Tendo gravado mais de quatro mil canções em sua carreira, foi um dos maiores mitos do rádio brasileiro em sua época de ouro. Sua popularidade nacional também resultou em convites para o cinema e para o teatro. Protagonizou périplos internacionais por países como Uruguai, Argentina, Estados Unidos e a França, onde, ciceroneada pela então cantora mais popular no país, permaneceu por quatro meses abrindo o show de Edith Piaf, no Olympia de Paris, mais antigo e tradicional teatro da capital francesa. Com sua rica trajetória, Marlene encantou gerações, incluindo, claro, estudiosos como Marlon Accioly, e fãs como Ciro Gallo, ambos unidos pelo legado da que pelos seus feitos nos discos, nos palcos, no cinema, na televisão e nas ações sociais, ficou conhecida por títulos como “A Maior”, “A Incomparável”, “A Favorita da Aeronáutica”, e “A que canta e samba diferente”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Redação

O Atual atua desde 2001 em Itaguaí, Mangaratiba e Seropédica com notícias, informações e demais serviços jornalísticos, digitais e audiovisuais. Além disso, aborda ocasionalmente assuntos que envolvem também a Zona Oeste da capital do Rio de Janeiro. O Atual oferece matérias e vídeos em seu site e nas suas redes sociais, com o compromisso de imprensa legítima e socialmente responsável.

Matérias relacionadas

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com