Castramóveis em Itaguaí também oferecem consulta veterinária de graça a quem não pode pagar
Os 220 agendamentos ocorridos no sábado (18) para serviços gratuitos de castração de animais são um excelente indício de que a demanda em Itaguaí é enorme e está longe de ser zerada. Mas o projeto Ellos CastraPet dá uma baita contribuição para um problema que atinge todo o estado do Rio de Janeiro, e, por que não dizer?, o Brasil. No Teatro Municipal Marilu Moreira o movimento de gente interessada foi intenso, a ponto de uma cidadã nas redes sociais lamentar não ter conseguido vaga para uma cachorrinha sua. De qualquer maneira, a partir da segunda-feira (20) até sexta (24), os veterinários do projeto vão ter muito trabalho e vai ter muita gente aliviada por ter conseguido, enfim, levar seu pet e resolver a questão.
O que não parece ter solução ainda é a falta de uma política municipal para tratar dos pets abandonados pelas ruas, e, não custa lembrar, eles são vetores de doenças que atingem humanos, sem contar a crueldade que é ver os bichinhos sem atendimento ou cuidado.
Um hospital veterinário municipal seria um bom impulso para a causa, mas estes não são realidade da maioria das cidades fluminenses. Talvez por conta disso que o projeto Ellos CastraPet tem uma utilidade enorme: focado na população carente, tenta minimizar o desamparo de animais e dos seus donos, que precisam muitas vezes equilibrar o orçamento doméstico de uma forma incrível.
O Ellos CastraPet procura atacar essa demanda. Rodrigo Ubiratan, responsável técnico, disse ao ATUAL que a meta da primeira fase do projeto é visitar 23 municípios, e que os recursos – provenientes de uma emenda de R$ 5,4 milhões, do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL), proposta e aprovada em 2021 – estão garantidos até 2024. São também parceiros do projeto as seguintes instituições: a Universidade UniRio, Instituto Fair Play, Ministério da Educação e Governo Federal.
Em Itaguaí, a prefeitura contribuiu também. Tanto que as palestras e agendamentos ocorreram no Teatro Municipal.
O conceito do Ellos Castrapet não é só realizar a cirurgia – que impede a reprodução, reduzindo, então, o avanço da população animal de rua e trazendo outros benefícios à saúde deles – mas sim colaborar também com outros elementos importantes na causa: denúncia de maus-tratos, responsabilidade na adoção, cuidados em geral. Na mesma lógica, Rodrigo explica que muita gente não tem condições de pagar uma consulta de R$ 100 para resolver um problema de saúde do seu cãozinho ou gato. Consultas clínicas dos bichos, de graça, é um alento e tanto para quem, hoje em dia, tem dificuldades até com a alimentação da família, que dirá ter despesas com um pet doente.
Outros personagens que não podem deixar de estar nessa história são os cuidadores, estes seres humanos gigantes que se desdobram recolhendo, tratando e alimentando os animais (a maioria encontrada abandonada na rua) que são desprezados por grande parte da população. “Fazemos parcerias com ONGs, governos, cuidadores. Entendemos a questão de um ponto de vista que vai além da solução imediata da castração. A causa animal é muito maior do isso. Então, os cuidadores de cada cidade nos mostram os problemas e tentamos colaborar”, conta Rodrigo Ubiratan.
CONSULTAS DE GRAÇA
Em Itaguaí, as 220 castrações vão ocorrer em dois trailers, mas existem mais dois com uma missão especial: consultas clínicas. Os veículos estão estacionados na Praça Vicente Cicarino até a próxima sexta-feira (24). São 50 atendimentos por dia,a partir das 9h. As senhas são distribuídas por ordem de chegada. É preciso levar documentos (identidade, CPF e comprovante de residência). Não haverá restrição em relação a endereços, disse o responsável técnico.
É uma excelente oportunidade para resolver o problema de saúde do seu cão, gato, do seu pet e melhor amigo.
Além dos animais de quem foi buscar a senha, a equipe de veterinários vai atender também 38 animais de rua e castrá-los. Alguém poderia dizer: “mas tem muitos mais abandonados pelas ruas de Itaguaí”. É verdade. Mas, quem sabe essa, iniciativa seja o incentivo que faltava para dar o pontapé em uma política municipal em prol dos animais.