William Cezar: secretário de Cultura de Itaguaí fala sobre planos da pasta

Willian Cezar de Castro Padela é figura conhecida em Itaguaí há bastante tempo, desde quando começou a lecionar Matemática e Física (ele é professor há 22 anos).

A vida parlamentar começou em 2012, ano em que se elegeu vereador, e, por isso, ele participou ativamente de conturbados acontecimentos políticos que agitaram a cidade. Reelegeu-se em 2016.

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Durante seus mandatos, a educação sempre foi motivo de vários dos seus 250 projetos (100 deles aprovados, que viraram leis). Ele também integrou a Comissão de Educação e Cultura nos anos de 2014, 2016, 2017 e 2020.

Em 2021, foi convidado para ser subsecretário de Cultura, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Educação. Assim que ele voltou, digamos, à vida pública na política, mas desta vez, no Poder Executivo.

Como subsecretário, implementou diversos eventos e editais para dinamizar a cultura municipal, além de ajudar a elaborar uma participação histórica dos artistas locais na última edição da Expo.

No apagar das luzes do ano legislativo, ainda em 2023, a Câmara aprovou a lei 4.147, de autoria do Poder Executivo, a qual modificou a estrutura organizacional da prefeitura.

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Foi assim que se criaram duas novas secretarias, uma delas, a de Cultura. Willian Cezar é secretário dela desde o primeiro dia de 2024.

Clique no link abaixo e saiba mais sobre a mudança na estrutura da prefeitura e a criação das duas novas secretarias:

https://jornalatual.com.br/itaguai/itaguai-governo-muda-estrutura-da-prefeitura-cria-duas-novas-secretarias-e-modifica-outras/

Por escrito, o secretário respondeu as seguintes perguntas do Atual.

Qual a importância de uma Secretaria de Cultura para Itaguaí?

WILLIAN CEZAR – A transformação da subsecretaria em secretaria já é uma pauta da classe artística municipal há certo tempo e neste momento é uma sinalização clara do governo no apoio à cultura. Com isso, a Cultura da cidade passa a ter mais autonomia e independência, além de estar alinhada às questões modernas da gestão e da política cultural.

Quais são seus principais planos à frente da pasta?

WC – A Cultura em Itaguaí atua em duas linhas principais como proponente direta e como fomentadora de ações culturais. Nesse sentido, a Cultura de Itaguaí continua oferecendo diversos cursos artísticos nos mais diversos campos das artes em múltiplos territórios da cidade. Também produz diversos eventos como o Ita Arte, o Ita Geek e o Festival Cultura Urbana (que neste ano terá quatro edições), Arena Cultura da Expo – que nesta gestão, é 100% de artistas locais – e muitas outras ações. Além disso, a Cultura do atual governo acredita e investe em editais para e junto aos fazedores de cultura locais – seja por recursos próprios, seja por recursos externos (como a LPG e agora a PNAB), valorizando nossos “fazedores de cultura” por suas produções. Bem, esse foi só o começo.

Qual motivo para a Subsecretaria se tornar uma Secretaria?

WC – À medida que os projetos foram tomando rumos cada vez maiores, fez-se necessária a desvinculação da secretaria de Educação para a criação de fato de uma pasta independente. Desse modo, teremos mais liberdade na atuação pública, como também mais recursos para fomentar projetos de artistas locais. Mas, para que isso fosse possível, contamos com o auxílio e autonomia por parte do prefeito, sempre acreditando em nosso trabalho e vendo os frutos nascendo em cada gota de suor que derramamos. Agora, temos uma nova missão: colher tudo que foi semeado e valorizar todos que carregam o nome da nossa cidade em seus projetos culturais.

Haverá mudanças na equipe da nova Secretaria?

WC – Costumo dizer que um bom time sempre tem vaga para reforços. E como a demanda é gigantesca, muitas vezes precisamos de 150% de cada um para que tudo saia dentro do esperado. É claro que precisaremos de reforços e tenho certeza que a nossa cidade possui profissionais competentes e que, assim como os colegas do dia a dia, estejam dispostos a fazer o melhor sempre em busca de um bem comum: o desenvolvimento da cultura de Itaguaí.

Em termos de orçamento, os recursos possibilitam boas realizações?

WC – Com a criação da secretaria, passamos a ter orçamento próprio. Tudo ainda é muito novo. E, como já mencionei, a criação de uma Secretaria garante o recebimento de verbas que vão ajudar no desenvolvimento dos eventos na cidade. E para além disso, poderemos captar recursos embasados em leis estaduais e até federais. Queremos uma cultura pulsante, capaz de aproveitar tudo que nossos artistas têm para oferecer. Queremos gerar emprego e renda e fazer com que nossa economia municipal esteja sempre aquecida. E o melhor, movimentando dinheiro onde nunca na história dessa cidade se investiu tanto. Muita gente via a cultura como a Expo de Itaguaí e nada mais. Já fizemos diferente e queremos continuar provando que somos os maiores interessados em valorizar aqueles que merecem ser valorizados.

Quais são as principais mudanças com a criação da secretaria? Há setores culturais que nunca foram valorizados e que agora serão?

WC – Contemplar setores culturais que nunca foram contemplados é uma marca da cultura municipal destes tempos. Primeiro, por realizar editais de forma constante (edital era algo que não era realizado na cidade, ainda mais de forma constante). Além disso, temos apoiado as mais diversas manifestações de artesanato ou investido em linguagens artísticas que nunca receberam verbas em editais na Cidade como literatura, audiovisual (entre eles filmes e podcasts), além do grafite, que recebeu um fomento de R$ 60 mil à proposta selecionada para dois murais no Teatro Municipal de Itaguaí

De que maneira os artistas podem participar de eventos da Secretaria de Cultura?

WC – Hoje temos um grande banco de dados com o cadastro de muitos artistas da cidade: o Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais – SMIIC de Itaguaí – que tem a finalidade de organizar e disponibilizar informações sobre o cenário cultural do município. Desse modo, podemos mapear as competências de cada criador de cultura, observar como podemos aproveitá-los nos eventos públicos e também promover concorrências públicas, como nos editais de 2023 e anos anteriores.

Os editais vão continuar? Já têm uma perspectiva de valores para os próximos?

WC – Um dos trabalhos que a Cultura segue empenhada é a busca por recursos financeiros que possam fazer diferença no cotidiano dos artistas locais. Ainda é cedo para definirmos um valor exato, mas posso garantir que passará de um milhão. Nossos Prata da Casa – eternizados por uma lei de minha autoria quando estive como vereador – merecem e muito receber bem pela sua criação cultural. Quem tem um dom tem também o prazer de apresentá-lo ao mundo e a sua cidade. Na última Fculti, foram mais de 140 artistas levando o seu melhor a todos os cantos da cidade. Tem satisfação melhor que esta?

Muitos consideram a cidade de Itaguaí distante dos grandes centros e também carente de atrações de entretenimento. Como a Secretaria pretende lidar com esta dificuldade?

WC – Durante muito tempo, nossa cidade se limitou aos grandes eventos e festas típicas como Réveillon, Carnaval, Festa Junina e Expo, por exemplo. O que a nossa gestão pretende é explorar ao máximo nosso potencial cultural. Toda semana teremos atrações em múltiplos equipamentos culturais. Nossa gente se acostumará aos bons eventos gratuitos que pretendemos oferecer. Dessa forma, todo mundo ganha. O artista ganha vitrine e gera renda, a população recebe cultura na sua plenitude e feita na cidade, nossa economia se aquece de modo que o dinheiro investido aqui, fica circulando aqui… e, claro, ajudamos a mudar essa perspectiva carente de lazer para uma cidade referência em cultura de todos os segmentos.

A cidade tem vocação para o cinema, inclusive, uma série de sucesso no Youtube foi gravada em Itaguaí e sem o apoio do poder público. O que esperar do cinema e do audiovisual sob sua gestão?

WC – Como podemos ver, a série “O mesmo Céu” fez um grande sucesso para além dos limites de Itaguaí e arredores. Se com apenas uma câmera na mão e muita vontade de criar algo verdadeiramente da cidade esses jovens puderam despertar o interesse de milhares de pessoas, imagina com o aporte financeiro? E tem mais! Um dos atores da série concorreu a um prêmio internacional, o protagonista Thiago Mabel. O idealizador desta série foi contemplado em três editais nossos no ano passado. O Mabel ganhou um edital de exibição pela Fculti e dois prêmios na LPG (filme de ficção e roteiro). Agora, em relação ao ano passado, realizamos o edital de audiovisual pela LPG e diversos projetos audiovisuais receberam apoio, seja para mesacast, filme de ficção, documentário, cineclubes, dentre outras iniciativas. E nossa meta é que no futuro possamos continuar promovendo e contribuindo com este setor. Como podem ver, são muitos talentos nascendo por todos os cantos da nossa cidade. Lançamos no ano passado o Edital Áudio Visual, através da Lei Paulo Gustavo, que veio justamente para impulsionar esse setor.

Com o prefeito Rubem Vieira: promessa de investimentos na cultura para dar mais opções para os cidadãos de Itaguaí (Divulgação / PMI)

Em relação ao Teatro Municipal e ao anfiteatro que fica no Parque de Eventos, quando voltam a funcionar? Há alguma programação definida para estes equipamentos públicos?

WC – Estamos dando os últimos retoques no Teatro Municipal, um espaço que não apenas é dedicado à realização de eventos, mas também à formação de atores e gratuitamente oferecidos pela Prefeitura. Vocês sabem que toda obra causa transtornos, mas o benefício é para sempre. Ainda não temos data para a reinauguração, mas nossa meta para o Marilu Moreira é que reabra no primeiro semestre desse ano. Paralelo a isso, estamos montando todo um planejamento detalhado para possamos oferecer um cronograma diversificado para a população de Itaguaí. Acompanhar de perto essa obra nos exigiu muito esforço para que tudo fique conforme desejamos. Mas tenho a certeza que entregaremos um espaço mais confortável, moderno e acessível tanto para os alunos quanto para os espectadores.

A Expo certamente é uma grande atração cultural e sua subsecretaria trabalhou ativamente na última edição. Há planos para aumentar essa participação, uma vez que agora é uma secretaria, e não uma sub-secretaria?

WC – Desde que assumi a função de subsecretário, venho trabalhando com o auxílio da minha equipe com a meta de integrar cada vez mais os artistas locais a esta importante festa. Muitos deles se sentiam excluídos por não participarem dessa data histórica da cidade. Por isso, nestes dois últimos anos fizemos questão de definir um local adequado para que nossos artistas pudessem mostrar sua arte e receber por isso. Tenho orgulho de dizer que nossa Arena Cultural foi 100% de Itaguaí. E ouvi muita gente dizer que a Arena estava com status de palco principal: belíssimas apresentações, energia pulsante, pessoas fazendo o que gostam e sendo valorizadas por isso. Espero que cada vez mais possamos dar condições de mostrar a qualidade dos nossos Pratas da Casa.

Jupy Junior

Jupy Junior é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) com Mestrado em Comunicação pela mesma instituição. Atuou em diversas empresas jornalísticas e como assessor de imprensa. Recebeu o título de cidadão itaguaiense, concedido pela Câmara Municipal de Itaguaí, em 2012. Lecionou em cursos de graduação Comunicação Social nas Universidade Estácio de Sá (UNESA) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Foi subsecretário de Comunicação Social e Eventos na Prefeitura Municipal de Mangaratiba em 2016. Atuou como Editor Executivo do Jornal Atual entre 2012 e 2015 e é Diretor de Jornalismo do Jornal Atual desde 2021.

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