Influenciadores digitais: conheça três de Itaguaí que falam sobre a vida nas redes
Entre likes e reposts, Vanessa Menezes e Marcos Fortino veem atrações turísticas de Itaguaí – muitas não tão difundidas – despertarem a curiosidade inclusive de quem reside no município, com direito até a “mensagem no privado”.
Já Liza Ribeiro, ainda que não na frequência que gostaria, compartilha com os moradores suas experiências de consumo, sejam produtos ou serviços da cidade.
Mas, afinal, quem são Vanessa, Marcos e Liza? São digital influencers – ou influenciadores digitais – que usam suas redes sociais com milhares de seguidores para divulgar a cidade onde vivem.
LOCAIS DE DIFÍCIL ACESSO
Itaguaiense de nascimento, Vanessa (vmenezes1985), de 38 anos, ingressou nas redes sociais para desabafar e alertar mulheres sobre um episódio que marcou sua vida: “Sofri violência doméstica por muito tempo, com abusos físicos e psicológicos. Encarar isso e tentar ajudar outras mulheres foi o que me ajudou a superar essa fase”, lembra.
A partir daí, ela só fez acumular seguidores. Hoje, são mais de 52 mil em quatro plataformas (Facebook, Instagram, TikTok e Kwai). Vanessa destaca que pessoas de todo o Brasil acessam seus conteúdos, mas o alvo maior acaba mesmo por ser quem vive em Itaguaí.
E por falar em sua cidade natal, a influenciadora tem dedicado postagens também à divulgação de pontos turísticos menos concorridos, que ela visita geralmente durante passeios de bicicleta: “O município tem muito potencial em relação às mídias sociais. São lugares belíssimos, porém com pouca divulgação, infelizmente”, lamenta.
E o resultado, pelo visto, é positivo, já que seu público demonstra interesse: “Tem muita gente que me chama no privado para perguntar onde fica aquele ponto que mostrei. São lugares distantes do Centro, com estrada de terra. Então, acho que muitas pessoas não conhecem por isso, pelo acesso ser mais difícil”, opina Vanessa, que já indicou a Árvore do Avatar, a Rampa do Parapente, a cachoeira secreta do Mazomba e o Banquinho, que fica na trilha da Serra do Matoso, dentre outros.
“VISTA LINDA”
Atrações turísticas também estão nas redes sociais de Marcos Fortino, 31 anos. Assim, como Vanessa, o objetivo inicial do goiano de Nova Crixás era outro. No seu caso, divulgar a carreira musical – tanto que o “arroba” dele nas plataformas é @cantormarcosfortino.
Entretanto, Marcos – que reúne quase 30 mil seguidores entre TikTok, Instagram, Facebook e YouTube – aos poucos se permitiu abrir espaço também para os atrativos da cidade que o acolheu há oito anos.
Entre uma trilha e outra, Marcos compartilha sua rotina fora da música: “Por ser cantor, sempre publico vídeos e stories sobre meu trabalho. Mas por usar o mesmo perfil para a vida particular, posto sempre que pedalo. Gosto de registrar os percursos de bike, como entre Itaguaí e Itacuruçá, que tem uma vista linda. Em Mazomba, também sempre posto vídeos e fotos nas cachoeiras e trilhas”, enumera o influenciador. Ele destaca que também recebe o retorno do seu público: “Muitas pessoas perguntam onde fica o lugar, se é privado. Eu sempre oriento como chegar. E quando é amigo eu levo e apresento a cidade”.
DICAS
Liza Ribeiro, de 24 anos, é outro exemplo de quem começou a trajetória nas redes sociais com um direcionamento e, aos poucos, redefiniu a rota.
Sem muitas alternativas – inclusive para buscar emprego – durante o período mais severo da pandemia de Covid-19, a jovem – que nasceu em Nova Iguaçu, mas vive em Itaguaí desde a adolescência – se lançou como influenciadora com publicações sobre festas e eventos locais.
Depois de se converter, porém, passou a ter como foco o que chama de “estilo de vida cristã”: “Os assuntos que abordo nas minhas redes sociais sempre são direcionados à edificação da fé. São estudos, a palavra de Deus, conselhos…”, detalha.
Hoje, com incríveis 399 mil seguidores entre Instagram e TikTok, Elizângela de Souza Ribeiro, a Liza (@Liza_carioca), já se permite não ficar restrita a única temática. Somente com marcas de Itaguaí, ela postou sobre uma empresa de energia sustentável, por meio de parceria, e uma loja de roupas femininas, esta por ação espontânea.
Agora, está cada vez mais madura a ideia de compartilhar com os seguidores suas experiências com produtos e serviços da cidade: “Pretendo fazer mais vezes. É sempre bom indicar a quem me segue algo que foi bom para mim”, afirma.
MONETIZAÇÃO
Parcerias ainda não correspondem à maior fatia do trabalho de Liza, mas divulgar marcas tem pesado na monetização, como é chamado o processo que faz o influencer ganhar dinheiro com suas postagens nas redes.
Inclusive, é um trabalho como este que garante sua principal fonte de renda atualmente: “Agora divulgo uma plataforma de cursos de fora de Itaguaí”, conta.
O mesmo acontece com Marcos. Sua carreira como cantor, segundo ele, é o que mais dá lucros, mas a empreitada virtual – que alavanca a trajetória na música, diga-se – também tem sua participação na renda mensal. Principalmente por meio de uma parceria com uma academia de Itaguaí: “Posto vídeos para incentivar meu público a praticar atividade física. A carreira como influencer é rentável, sim”.
Já Vanessa, apesar da quantidade considerável de seguidores, não fatura com as redes. Na verdade, curiosamente, ela sequer se considera uma influenciadora digital: “Acho que meu número de seguidores é baixo para me render esse ‘título’”, pondera.
HATERS
Influencer ou não, o fato é que Vanessa tem visibilidade suficiente na Internet para receber ataques de haters – ou odiadores, em tradução livre, um termo que descreve pessoas que costumam fazer postagens carregadas de críticas vorazes, na maioria das vezes, sem qualquer critério ou respeito.
Ela lembra que boa parte destas agressões virtuais acontecem exatamente pela sua atuação nas redes: “Como não sou monetizada em nenhuma plataforma, sempre tem aqueles que tentam desmotivar, dizem que ‘é coisa de preguiçoso’, ‘falta do que fazer’. Mas eu não ligo para isso, senão, já teria parado há muito tempo”.
Outro alvo de haters são as 37 tatuagens e os 10 piercings que Vanessa carrega no corpo: “Já ouvi muito preconceito, pessoas dizendo que na minha idade é feio, é falta de vergonha. Mas não ligo, porque é meu estilo, é quem sou. Cada tatuagem conta uma história minha, e tenho muito orgulho disso, porque foram muitas lutas. E ainda são”.
Por motivos bem diferentes, Liza também já sofreu – e ainda sofre –com ofensas vindas de redes sociais. Em seu caso, pelo conteúdo cristão, os ataques são tomados por intolerância religiosa: “Acontece sempre, porque existem as diversidades. Mas não ligo porque não passam de palavras chulas”, minimiza a influenciadora, que mostra maturidade para lidar com o fato de que redes sociais não são apenas dicas de passeio ou consumo.