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Mangaratiba: pai lamenta morte do filho de 14 anos após acidente no mar em Muriqui

O menino de 14 anos João Victor Castro Correia morreu na madrugada desta terça-feira (21), no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, após ter se acidentado no sábado (18) na praia de Muriqui, distrito de Mangaratiba.

A família, que mora em Vila Kennedy (Zona Oeste da capital), tem uma casa de veraneio no local. Em nota, a direção do Adão Pereira Nunes afirmou que João sofreu uma parada cardiorrespiratória antes de falecer.

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Em entrevista por telefone ao ATUAL, Diogo Helcio, pai de João Victor, explicou que trabalhava no sábado enquanto parte da família passava o dia na casa – propriedade da família há cerca de dois anos. Mas à praia, foram apenas seu filho, seu enteado de 13 anos (filho da atual esposa) e seu pai, o avô do menino.

Com a proximidade da casa com o mar, era costume na família saltar na água direto de uma espécie de laje, que faz parte do imóvel: “Eles estavam brincando de mergulhar, o que era uma rotina nossa. A gente conhecia bem o local”, ressalta Diogo.

O pai de João Victor assegura ainda que não há pedras no ponto onde as crianças pulavam: “Não tem pedra ali. E meu filho, que estava consciente na hora do resgate, disse que não lembrava de ter batido em alguma coisa”, relata Diogo.

O pai comentou sobre a hipótese de a maré estar muito baixa e o garoto ter se chocado contra um banco de areia: “Essa é uma possibilidade. Mas, como ele falou que não lembrava de ter batido, passei a acreditar que pode ter caído de mau jeito”.

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Membros paralisados

A partir do relato do seu pai que estava presente no momento do acidente, Diogo contou à reportagem que o avô e o irmão chegaram a pensar que o garoto estava brincando ao não sair do mar logo após ter feito o segundo mergulho – ele já havia saltado minutos antes com o irmão. Mas, ao notar que a situação era séria, o avô pediu ajuda a um vizinho para realizar o resgate.

Nesse momento, o menino teria relatado que, ao cair na água, sentiu o “corpo gelado”, perdeu a sensibilidade nas pernas e braços e que só conseguia virar a cabeça de lado para poder respirar: “E o estranho é que o corpo do meu filho não tinha escoriações”, acrescenta Diogo.

O ATUAL apurou que, após chamado às 17h48, o quartel de Mangaratiba do Corpo de Bombeiros enviou uma equipe para atender à ocorrência na Avenida Muriça, em frente ao estacionamento da Marinha em Muriqui. De acordo com a corporação, João Victor estava respirando e consciente quando o socorro chegou.

Indignação com transferências

Em seguida, os bombeiros levaram o menino para o Hospital Municipal Victor Souza Breves, no Centro de Mangaratiba. Porém, como o caso era considerado grave, a equipe médica achou melhor encaminhá-lo para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, no próprio sábado.

Um dos objetivos na unidade da Zona Oeste era a realização de uma tomografia, o que, segundo Diogo, não ocorreu de imediato, apesar da gravidade do quadro: “Acho que fizeram pouco caso. Mas o médico de Mangaratiba, que nos acompanhou até lá, conversou com eles e conseguiu que fizessem o exame”.

Ainda de acordo com Diogo, a tomografia apontou duas fraturas na coluna cervical de João, nas vértebras c2 e c3. O pai lembra que o hospital alegou não ter pediatria e recomendou que retornassem a Mangaratiba, ainda no sábado.

João Victor na laje de onde costumava saltar quando estava com a família em veraneio em Muriqui, em registro pessoal. Foi daí que ele mergulhou e depois perdeu a sensibilidade nas pernas e braços. A morte dele ainda é um mistério porque, segundo o pai, não há pedras no local e era costume brincar de saltar no mar (Arquivo Pessoal)

As duas transferências em um só dia, aliás, deixaram a família indignada com a direção do Hospital Municipal Pedro II: “No Adão Pereira Nunes, uma nova tomografia identificou uma terceira fratura, na c4, que pode ter sido causada pelos transportes de um hospital para outro. Eu que sou leigo sei que não pode ter muito movimento em casos de fratura”, observou Diogo.

E completou: “Brincaram com meu filho. E minha indignação é por isso, porque conseguimos vaga de internação no Pedro II, mas o médico disse que não poderiam ficar com ele simplesmente porque não tinham pediatria”.

A reportagem pediu informações sobre a falta de pediatria à direção do Pedro II, que retornou, mas não mencionou o problema. E embora o pai de João afirme ter conseguido uma vaga zero (recurso para acesso imediato de pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso), a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informa no texto que o menino “foi levado à unidade para parecer da neurocirurgia, quando foi constatado que não havia indicação cirúrgica. Devido à falta de vaga, o paciente voltou à unidade de origem”.

Depois de voltar a Mangaratiba, onde passou a noite de sábado, João Victor deu entrada no Adão Pereira Nunes no domingo à noite. O ATUAL também pediu um pronunciamento à unidade da Baixada Fluminense, que explicou o estado de saúde do menino na ocasião.

Por nota, a Secretaria de Saúde de Duque de Caxias e a direção do hospital afirmam que João sofreu um “trauma raquimedular cervical, por mergulho em águas rasas em 18/11/2023, evoluindo com cervicalgia intensa, tetraplegia e priapismo”.

O pronunciamento segue detalhando que após dar entrada no CTI e passar por exames, o menino permaneceu “intubado, sedado e instável hemodinamicamente”. Na segunda-feira, porém, “apresentou Parada Cardiorrespiratória (PCR) e, após extensa manobra de reanimação, o mesmo evoluiu para óbito, às 23h05”.

Volta a Muriqui

Ainda abalado, Diogo encerrou a entrevista com um alerta para os cuidados com a segurança nessa brincadeira tão popular, que são os saltos no mar.

O pai do menino também falou sobre o futuro na casa da família em Muriqui: “Num primeiro momento, não penso em pôr os pés na casa, embora goste muito de lá. Cheguei a batizar a casa como ‘meu cantinho de refúgio’, ‘cantinho antiestresse’. Lá, a gente fica confortável, a vizinhança é boa. É um local que me acolhe, até porque frequento Muriqui desde criança. Mas a princípio, ninguém tem mais vontade de voltar lá. Mas a gente não sabe do futuro, que a Deus pertence”.

Luiz Maurício Monteiro

Repórter com mais de 15 anos de trajetória e passagens por diferentes editorias, como Cidade, Cultura e Esportes.

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