Caminho Profissional
A entrevistada de hoje é Maria Angélica Sanchez, ela é assistente social e vamos juntos saber um pouco da sua trajetória.
Quando você era criança o eu você sonhava ser profissionalmente?
Não cultivava sonhos de ser algo. Desde pequena eu sempre fui muito prática, e ia crescendo nas ideias com o passar dos anos. Mas, eu gostava muito de brincar de ser professora. Fingia estar numa sala cheia de alunos e passava horas dando aula para meus amigos imaginários.
O que faz uma assistente social?
É uma pergunta bem complexa, pois trata-se de um profissional que tem várias atribuições em diversos campos, e são muitos: saúde, educação, assistência, judiciário, empresas, ONGs, entre outros. É um profissional cujo princípio fundamental é agir em defesa dos direitos da pessoa, se posicionando em favor da justiça social, assegurando acesso aos bens e serviços preconizados pelas políticas sociais. O assistente social está apto para gerenciar serviços, programas e projetos; prestar assessoria e consultoria nas instituições públicas e privadas, além de atuar como professor e pesquisador.
Por que escolheu essa profissão? E com quantos anos estava?
Essa decisão foi tomada sem saber muito o que era, estava com 17 anos. Meus pais foram pessoas espetaculares. Sou o ser humano que sou graças a eles dois. Porém, tinham pouco estudo e por isso não tinham clareza para me orientar, e a escola não tinha disciplinas como as que existem hoje, que ajudam as pessoas na escolha de uma profissão. Mas, eu queria trabalhar com alguma coisa em que visse transformação, que pudesse ajudar as pessoas a mudar suas vidas. Aí escolhi o serviço social para trabalhar com “menores infratores” – esse era o termo usado na época. Estudei na Universidade Gama Filho, e me formei em 1984. Durante o curso tinha a expectativa de fazer estágio na antiga “Funabem”. Nunca consegui! Precisa fazer estágio remunerado, para ajudar a custear os estudos. Então… o que tinha concurso eu fazia e assumia. Fiz estágio em hospital psiquiátrico e empresa, e não gostei muito. Só quando tive meu primeiro emprego, que foi na Prefeitura de Itaguaí, consegui trabalhar com crianças e adolescentes de rua. Foi uma experiência fantástica. Apesar de ver coisas tristes, eu consegui ver algumas mudanças.
O que você diz para os adolescentes que querem seguir a mesma profissão?
Bem… eu não atuo mais como assistente social há muitos anos. Embora a formação em serviço social tenha me ajudado muito na construção da profissional que sou hoje. Parti para o campo da pesquisa em envelhecimento e hoje sou especialista em gerontologia, atuo com projetos e pesquisa. Na Prefeitura de Itaguaí ajudo na coordenação de um projeto de atenção às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Mas… o que eu amo mesmo é dar aula e palestras. Compartilhar conhecimentos é o melhor que existe, pois além de ensinar, a gente aprende muito com os outros. O que eu diria aos adolescentes é que sigam uma profissão que gostem porque é muito importante gostar do que se faz para que o trabalho seja bem feito.
Faria tudo novamente?
Mais uma pergunta difícil. Gosto do rumo da minha história. Sou realizada profissionalmente e nada foi planejado. As oportunidades apareciam e eu ia, e felizmente eu gostava. E cada vez que eu gostava de um curso ou de uma tarefa, eu me apaixonava mais pelo que fazia.
Sobre a Campanha Junho Violeta (Prevenção da Violência Contra a Pessoa Idosa) Fale um pouco sobre o assunto
Teria muito pra dizer; porém, vou focar na palavra atenção. E é atenção num sentido bem amplo. Nós profissionais temos que prestar muito atenção ao comportamento de um idoso que chega até nós. Tentar identificar se ele está sofrendo violência, e junto dele, buscar alternativas para sair dessa situação. Digo também que os governantes devem prestar mais atenção às políticas públicas para garantir a defesa de quem sofre violência. E, principalmente, a população precisa estar mais atenta, pois observamos situações de violência a cada dia, e isso passa invisível aos olhos da sociedade. Precisamos acabar com a invisibilidade da violência cometida contra os nossos velhos, pois também seremos velhos no futuro.