Seropédica: polícia cumpre mandados de busca e apreensão contra “milícia do Tandera”
A Polícia Civil, por meio da 48ª DP (Seropédica), e o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagraram nesta quarta-feira (3) a Operação Epilogue. O objetivo é cumprir 13 mandados de prisão preventiva e 25 de apreensão contra envolvidos com o grupo miliciano comandado por Danilo Dias Lima, o Tandera – um pré-candidato à prefeitura de Seropédica está entre os alvos.
Dentre os integrantes da quadrilha que a operação busca, estão o próprio Tandera –foragido da Justiça desde 2016 –, Gilson Ingracio de Souza Junior, o Juninho Varão, e Marcelo Morais dos Santos, o Grande.
Segundo a TV Globo, os agentes já haviam conseguido prender seis homens na parte da manhã. Até o fechamento desta matéria, no entanto, o MPRJ não havia divulgado detalhes sobre os detidos na operação – realizada por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e em conjunto também com a Coordenadoria de Investigações de Agentes com Foro (CIAF).
PRÉ-CANDIDATOS DENUNCIADOS
As investigações do MPRJ e da Polícia Civil resultaram ainda na descoberta de uma “coalizão” entre líderes da milícia e candidatos a cargos eletivos para as eleições de 2020 na Baixada Fluminense.
A TV Globo teve acesso a imagens – cuja autoria seria dos próprios milicianos – nas quais aparecem ao lado de criminosos em uma reunião de cerca de três horas – com direito a um fuzil na mesa – Luciano Henrique Pereira, pré-candidato à Prefeitura de Seropédica; Cornélio Ribeiro, pré-candidato à Prefeitura de Nova Iguaçu; Thaiana Cristina Barbosa dos Santos, pré-candidata à Prefeitura de Mesquita; e Jorge Alves Santos, pré-candidato a vereador de Nova Iguaçu.
O MPRJ denunciou à Justiça Luciano, Cornélio e Thaiana – a exceção foi Jorge, já que o órgão considerou que ele não se manifestou no encontro e não efetivou candidatura.
Em troca de apoio político, os pré-candidatos teriam oferecido aos criminosos secretarias, benefícios em licitações fraudulentas e nomeações para cargos públicos.
Já sobre a “milícia do Tandera”, o MPRJ ressalta que se trata de um grupo responsável por diversos crimes nos municípios de Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica. Por exemplo, extorsões, homicídios, ameaças, grilagem de terras, agiotagem, exploração ilegal de areais e lavagem de dinheiro.
Na Operação Epilogue, a 1ª Vara Criminal Especializada da Capital foi a responsável por expedir os mandados com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
QUEM É TANDERA
Um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, Tandera era o braço direito de Wellington da Silva Braga, o Ecko, na expansão do maior grupo miliciano do estado para a Baixada Fluminense.
Antes da morte do ex-comparsa em 2021, no entanto, ele já havia deixado o grupo por desentendimentos, o que provocou um racha. Desde então, Tandera e Zinho, outro miliciano que integrava a facção inicialmente, passaram a liderar lados opostos e protagonizar disputas pelo domínio de regiões.
O apelido de Tandera vem da tatuagem que ele tem no peito, na qual reproduz o símbolo principal do desenho animado Thundercats, sucesso no Brasil entre os anos 1980 e 1990.