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Seminário em Mangaratiba debate proteção ao Sítio Arqueológico do Sahy

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPFRJ) e a Prefeitura de Mangaratiba realizaram, na sexta-feira (24), o seminário “Sítio Arqueológico do Sahy: patrimônio nacional e da humanidade”. O evento, no Centro de Convenções do Condado Aldeia dos Reis, em Mangaratiba, reuniu agentes públicos municipais e federais, especialistas nas áreas de história, arqueologia e turismo e a comunidade local. O objetivo foi o de debater ações voltadas à valorização e proteção do Sítio Arqueológico do Sahy, localizado na Praia do Sahy, em Mangaratiba. A iniciativa contou com a decisiva participação da Fundação Mário Peixoto (FMP), que foi representada pela presidente Cecília Cabral.

As estruturas que compõem o Sítio do Sahy estão ligadas à história do tráfico de africanos escravizados ao Brasil. Em 1831, a chamada Lei Feijó declarou livres todos os escravizados traficados a partir daquela data e impôs penas corporais e multa aos importadores que reduzirem à escravidão pessoas livres, (…) além de pagarem as despesas da reexportação para qualquer parte da África. Todavia, registros de naufrágios e apreensões de escravizados no litoral do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná atestam que o comércio transatlântico de cativos prosseguiu na ilegalidade, mesmo depois da Lei Eusébio de Queirós, de 1850. Segundo pesquisas históricas e arqueológicas, a Praia do Sahy e a restinga da Marambaia teriam servido como pontos ilegais de desembarque de milhares de africanos traficados, que depois foram levados montanha acima, para o trabalho forçado em fazendas do Vale do Paraíba.

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Dentre os participantes da visita feita às ruínas estavam professoras da UFF e da Uerj, convidadas para fornecerem informações históricas sobre o local

SIGNIFICADO RELIGIOSO PARA MUITOS AFRODESCENDENTES

Em 30 de outubro, o procurador da República, Sergio Gardenghi Suiama, responsável por acompanhar inquérito civil sobre o sítio, visitou o local e se reuniu com autoridades municipais, servidores do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e especialistas para tratar das ações de proteção das ruínas. As professoras Martha Abreu (História/Universidade Federal Fluminense/UFF) e Camila Agostini (Arqueologia/Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Uerj) foram convidadas para acompanhar o ato, com o objetivo de fornecerem informações históricas sobre o local. Participaram da visita e da reunião secretários municipais e representantes das secretarias de Administração, Segurança, Comunicação, Meio Ambiente, Defesa Civil, Turismo e Obras Públicas, além da Procuradoria-Geral do Município de Mangaratiba e da Fundação Mário Peixoto. Representantes da empresa MRS Logística e da organização social Instituto de Cultura Democrática também acompanharam a visita.

O grupo visitou o local, que estava limpo, embora as paredes ainda remanescentes das estruturas se encontrem em estado de arruinamento e queda. A professora Camila Agostini, que desenvolveu pesquisa arqueológica na área, apresentou hipóteses e conclusões relacionadas às estruturas remanescentes (muros e estruturas de pedra com vestígios de portas e janelas e referência a um cemitério). Enfatizou, ainda, que o lugar tem significado religioso para muitos afrodescendentes, sendo ainda hoje usado como local para oferendas.

Paredes ainda remanescentes das estruturas do Sítio Arqueológico do Sahy se encontram em estado de arruinamento e queda

COMPROMISSOS APÓS A VISITAÇÃO

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Após a visita, os representantes das instituições presentes combinaram, além da realização do seminário desta sexta-feira, várias medidas para a proteção do local. A Prefeitura de Mangaratiba concordou em cuidar da limpeza, retirada de lixo e do mato e segurança da área, até que uma solução com melhor estrutura possa ser providenciada. A prefeitura também vai buscar recompor a equipe de manutenção anteriormente responsável pelo local. Será constituído ainda Grupo de Trabalho para elaborar e apresentar projeto de incentivo cultural que abranja o mapeamento/diagnóstico dos danos, potencial de pesquisa arqueológica, sinalização adequada, educação patrimonial, e futuros escoramento e consolidação das ruínas. A empresa MRS Logística vai avaliar a possibilidade de doação ou cessão de um container para servir de base de apoio para a prefeitura no local. A empresa também contratou estudo para avaliar o impacto causado pelo transporte ferroviário no sítio.

Redação

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