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Prefeito de Itaguaí é contra novo terminal de minério de ferro no Porto

O prefeito de Itaguaí, Rubem Vieira (Podemos), disse em uma live – transmitida na sua página pessoal da rede social Facebook nesta segunda-feira (23) – que foi surpreendido e ficou preocupado com o fato de que a Companhia das Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) anunciou um investimento de cerca de R$ 3 bilhões para a implementação de um novo terminal de minério de ferro no Porto de Itaguaí. O ATUAL publicou a informação no último dia 19 de maio (https://jornalatual.com.br/porto-de-itaguai-tera-novo-terminal-de-minerio-de-ferro/). A preocupação de Vieira é, segundo ele disse na live, com a questão ambiental e fiscal. O prefeito avalia que o transporte de minério não é uma atividade que valha a pena, e que a cidade não se beneficia financeiramente com esse tipo de operação econômica.

“Já temos uma briga muito grande aqui por causa da questão de meio ambiente, esse porto que temos hoje e todos os outros trabalham com minério. O grande problema é que a mineradora não é no estado do Rio de Janeiro, é em Minas, a gente aqui só passa o minério pela linha férrea, para no nosso porto, armazena no nosso porto e é exportado para o mundo inteiro”, disse Vieira.

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Rubem citou o Porto Sudeste (na Ilha da Madeira) e da siderúrgica Ternium (que fica entre na divisa entre Itaguaí e Santa Cruz, bairro da zona oeste da capital) e lembrou que todos eles trabalham com minério de ferro. O prefeito deixou claro que esse material não é bem-vindo na cidade por ser poluidor.

“Gente, não sou contra o desenvolvimento, precisamos de emprego, gerar renda, só que o Porto de Itaguaí não aguenta mais tanta poluição. Não aguenta mais o absurdo que é o minério que paga seus impostos em Minas. O estado do Rio de Janeiro fica para trás sempre, nós perdemos o crescimento econômico, há pouquíssima geração de empregos e a população fica a ver navios, fica só com a maldita herança ambiental”, disse Vieira na live.

MERO CORREDOR

Rubem mencionou também a opinião de Wagner Victer, que foi conselheiro de Docas, segundo Vieira, por oito anos. Para Victer, a implementação do novo terminal será um grande erro econômico e ambiental, pois, como repetiu o prefeito de Itaguaí, ser corredor para o escoamento de commodities não gera renda nem empregos, pois o endereço fiscal das empresas exportadoras é em outro estado. Além disso, enfatizou o ex-conselheiro, haverá mais impacto negativo, do ponto de vista ambiental, para a Baía de Sepetiba. “Finalmente alguém que pensa como eu, falo isso todos os dias, em todas as reuniões”, ressaltou o prefeito de Itaguaí.

Veja abaixo falas do prefeito durante a live:

‘SURFISTA PRATEADO’

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“Gente, o minério não está desenvolvendo o estado do Rio de Janeiro. Por que o Porto de Santos não fica com o minério? Por que só Itaguaí? Por que só Itaguaí fica com o crime ambiental? Nós temos uma orla de Coroa Grande linda, mas não tenho mar, porque é minério no nosso mar. Acho que o filme ‘Surfista Prateado’ foi inspirado em Coroa Grande e Ilha da Madeira, porque a pessoa entra no mar e sai prateada de tanto minério no corpo”.

SUGESTÃO e APELO

“Senhores Ministros, por que não pega a área do meio e transforma em offshore, para atender aos navios? Isso aumenta o royalty do município, aumenta o dinheiro do município, do estado do Rio de Janeiro. Governado Cláudio Castro, faço aqui um apelo, nos ajude a fazer com que essa área do meio seja algo mais útil para a cidade de Itaguaí e para o estado do Rio de Janeiro.

CIDADE DE PASSAGEM

“A gente fica como uma cidade passageira, um porto que só serve para transportar minério de Minas para outros lugares do mundo, o imposto paga em Minas. Estamos perdendo arrecadação, empregos e a nossa natureza”.

‘ME DEIXA LOUCO’ e APELO AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

“O que me deixa louco é que o Ministério da Infraestrutura faz uma visita para especular sobre um leilão da área do meio e não procura a prefeitura, não procura os pescadores, não procura onde é o porto para saber se é bom ou não para o município. É impossível técnicos do Ministério não terem procurado a prefeitura. Presidente da República, essa não é uma questão política, é uma questão da cidade de Itaguaí, me ajuda, me ajuda a fazer Itaguaí entrar em um porto sério”.

‘ANOS E ANOS SUJANDO, MATANDO AS PESSOAS’

“CBPS da Vale, CSN e Porto Sudeste têm só o protocolo da licença ambiental, porque a lei diz que basta o protocolo e aí eles vão trabalhando. Estão aí há anos, só sujando a cidade do povo de Itaguaí, matando as pessoas, fazendo com que o nosso peixe seja rico em minério”.

OFÍCIOS

“A prefeitura não vai ficar omissa, eu não vou ficar omisso. Hoje mandei ofícios para o presidente da República, para o Ministério de Desenvolvimento, Secretaria de Desenvolvimento do Estado, governador, deputados, senadores, para não deixar mais esse absurdo. Não vou ficar calado, vou à imprensa, vou onde for necessário. Enquanto eu for prefeito, não vou aceitar isso calado”.

PORTO DE CEREAL OU OFFSHORE

“Temos uma logística privilegiada, temos Arco Metropolitano que leva até a Washington Luiz, Dutra, BR-101, Rio-SP, temos uma linha férrea maravilhosa. Por causa de 14 quilômetros de linha férrea nós não podemos trazer os cereais, por exemplo, para dentro do Porto de Itaguaí para exportar. Ou então Offshore [atividade – prospecção, perfuração e exploração – de empresas de exploração petrolífera que operam ao largo da costa]. Vamos botar ali empresas para recuperar os navios, olha quanto de dinheiro poderia entrar para o estado do Rio de Janeiro e para o município”.

DESTRUIÇÃO

“O minério está destruindo a cidade de Itaguaí. Já temos um milhão de laudos, já fechamos porto, fizemos teste no mangue, na areia, na água. Provamos que o minério está poluindo a cidade de Itaguaí.

PORTO DE SANTOS

“Parece que a tendência é só ajudar Santos. Em 2019, tiraram de nós, via decreto federal, o direito a ZPE [Zona de Processamento de Exportação]. Engraçado que em Santos tem, em São Paulo. Mas Itaguaí perdeu o seu. Só querem beneficiar Santos, Santos, Santos! Esquecem o tamanho do Porto de Itaguaí, o calado que tem o porto. Somos mais perto das linhas externas do que Santos, o frete é mais barato”.

Jupy Junior

Jupy Junior é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) com Mestrado em Comunicação pela mesma instituição. Atuou em diversas empresas jornalísticas e como assessor de imprensa. Recebeu o título de cidadão itaguaiense, concedido pela Câmara Municipal de Itaguaí, em 2012. Lecionou em cursos de graduação em Comunicação Social nas Universidade Estácio de Sá (UNESA) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Foi subsecretário de Comunicação Social e Eventos na Prefeitura Municipal de Mangaratiba em 2016. Atuou como Editor Executivo do Jornal Atual entre 2012 e 2015 e é Diretor de Jornalismo do Jornal Atual desde 2021.

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