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Piloto de Itaguaí sonha com título nacional de Motocross para dedicar à mãe falecida

A coragem com a qual o piloto de motocross de Itaguaí, Breno Balthazar, de apenas 15 anos, encara lombadas em sequência e nuvens de poeira é a mesma que o impulsiona a buscar seu sonho: o título do Campeonato Brasileiro da modalidade, que começa no próximo dia 16. Além disso, é bem verdade, há um outro combustível que o faz acelerar: dedicar a primeira conquista nacional à mãe, falecida quando ele tinha só 7 anos.

Apesar da juventude, Breno – que nasceu no município de Paulo de Frontin, mas chegou a Itaguaí ainda bebê – esbanja maturidade ao explicitar que seu objetivo de vida é mesmo ser piloto de motocross, esporte a motor, com pistas solapadas de obstáculos, que começou como diversão aos 5 anos e virou paixão.

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E para alcançar tal meta, ele não se intimida com sacrifícios e desgaste: “A rotina cansa bastante, mas persisto no sonho. Sempre corri atrás”, ratifica o adolescente, em entrevista ao ATUAL.

Hoje com 15 anos, o jovem começou a se interessar pelo esporte a motor com apenas 5 (Arquivo pessoal)

Às vésperas do início da competição nacional organizada pela montadora Yamaha, Breno – que concorre na categoria IMS YZ125 (entre 13 e 16 anos) – mantém uma rotina de treinos diários na moto às segundas, quartas e sextas, a partir de 6h, em uma pista de um amigo do pai, localizada na Estrada de Piranema. Já terças e quintas são dias de academia, para aperfeiçoar o preparo físico.

E nos fins de semana, o rapaz – que se classificou para o Brasileiro após passar como um dos 15 selecionados dentre um total de 250 concorrentes – treina exaustivamente sobre duas rodas, das 8h às 17h, em circuitos de outras cidades, como Rio de Janeiro e Maricá.

A obstinação do garoto é tanta, que as aulas no 1º ano do Ensino Médio ficaram para o último turno, mesmo após o desgaste da preparação durante o dia: “Me matriculei à noite para conciliar e não ter problema com os treinos”, conta ele, revelando ainda que nunca cogitou um futuro profissional longe da moto: “Motocross é meu sonho desde pequeno. Se não der certo de primeira, vou tentar até…”.   

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Breno (de preto, à direita), então com 7 anos, com o pai Bruno e a mãe Alessandra, que faleceu em 2015 (Arquivo pessoal)

HOMENAGEM À MÃE

Obviamente, a determinação de Breno vem do espírito de competição, pertinente a qualquer atleta, mas não é só isso: “Minha mãe Alessandra me acompanhou no início, por toda a categoria 50 cilindradas”, recorda o piloto, atualmente nas 125 cilindradas.

Filho único, o jovem – que vive em Jardim Weda com o pai Bruno e passa boas horas também com os avós Isabel e Marquinhos – vai acelerar na primeira etapa, em Sorocaba (SP), para buscar um sonho que ele garante não ser só pessoal:

“Sei que também é um sonho dela. Minha mãe ficaria muito alegre em ver onde o filho dela conseguiu chegar”

Breno Balthazar, piloto de motocross

A propósito, em caso de título – após a sétima e última etapa em Faxinal (PR), no dia 4 de agosto – o jovem não titubeia sobre a quem dedicar o caneco: “Ela sempre me apoiou no esporte, junto do meu pai. Creio que se ela estivesse aqui, estaria numa felicidade tremenda. Então sendo campeão, sem dúvida o título vai para ela”.

O jovem lembra que a mãe o acompanhava em seu início no esporte; acima, registro do torneio de motocross da Expo Itaguaí 2014 (Arquivo pessoal)

FUTURO

Mas para buscar o troféu nacional, Breno – que já acumula oito títulos estaduais, entre RJ, SP e MG – precisa de estrutura. Além da ajuda de amigos e familiares e de uma vaquinha online, ele e o pai correm atrás de empresários que queiram ter a marca exposta nas transmissões do Brasileiro – Breno afirma que o torneio terá exibição nos canais por assinatura ESPN, Sportv e Band Sports, além do YouTube CBN Motociclismo.

Há ainda parcerias. Foi assim, inclusive, que ele conseguiu comprar a moto, no valor de R$ 64 mil, com a qual atinge até 90 km/h nos cerca de 20 minutos que costuma durar o sobe e desce nas provas da sua categoria: “Dei a moto antiga de entrada”, relembra.

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Entretanto, Breno salienta que o que faria sua carreira dar um salto significativo seria o título do Brasileiro. Não só no aspecto esportivo, mas também no financeiro.

Isso porque a conquista da competição resultaria em uma série de benefícios: “O título dá direito a um contrato com salário fixo e uma vaga no Mundial, na França, além de treinar com a Yamaha em São Paulo”, enumera o piloto, que enquanto não fatura o troféu, segue em busca de apoio financeiro e disponibiliza seu Instagram (@brenobalthazar) para possíveis empresários interessados entrarem em contato.

Breno se classificou para o Brasileiro ao ficar entre os 15 escolhidos em uma seletiva com 250 participantes (Arquivo pessoal)

ATÉ MAIS, ITAGUAÍ?

Aliás, um dos benefícios do título, a mudança para São Paulo, faria Breno deixar Itaguaí, ideia que o garoto já amadurece. Ele até demonstra carinho pela cidade, mas em nome do motocross, confessa que não resistiria à mudança: “Gosto de Itaguaí. Visito a serra, pedalo no Parque Municipal, jogo futebol.

“Tenho amigos e família aqui, então seria chato ir embora. Mas como corro atrás desse sonho há tempos, o que for preciso, faço”

Breno Balthazar, piloto de motocross

Além da possibilidade de treinar com a equipe da montadora, outro fator que faria Breno sair de Itaguaí é a estrutura para treinar.

Ele admite que a pista onde treina, perto do Pátio Mix Costa Verde, deixará de ser o bastante em breve: “Ela não proporciona o nível das pistas que vou pegar no Brasileiro, que são mais esburacadas. Aqui é bem liso. Então eu não pego a prática que deveria. Vinte minutos aqui não são como os 20 de outras pistas, que vão me cansar mais”.

Na categoria de Breno, os pilotos chegam a 90 km/h em provas que duram cerca de 20 minutos (Arquivo pessoal)

ACIDENTES 

Agora, se nem o desgaste da rotina entre treinos e estudos, tampouco os obstáculos financeiros para investir na carreira desmotivam Breno, não seriam os acidentes, um risco próprio do motocross, os responsáveis por uma mudança de planos. Até porque, apesar da trajetória ainda curta, experiências não faltam.

Em 2022, por exemplo, quando ele tinha apenas 13 anos, uma falha mecânica provocou uma queda grave: “Estava treinando em Itaguaí, e durante um salto, a roda traseira travou. Fui de cabeça no chão, tive traumatismo craniano e quebrei as duas mãos. Só voltei a treinar após seis meses”, recorda Breno, garantindo que o retorno às pistas foi suave: “Voltei tranquilo porque sabia que não tinha sido culpa minha. E já estava com a moto nova, então esse risco era menor”.

Um ano depois, no entanto, um outro acidente o fez quebrar uma das mãos novamente e o afastou do esporte por mais um tempo.

Mas foi só ficar ciente da seletiva para o Campeonato Brasileiro que a obstinação e a disciplina o convenceram a subir na moto novamente para treinar: “Essa competição é uma oportunidade única. Estar lá para mostrar quem sou, de onde vim e minha capacidade, é algo único”, explica Breno, encerrando a entrevista, não sem antes mencionar aquele sonho: “Ter um título brasileiro para a conta seria perfeito”.

Luiz Maurício Monteiro

Repórter com mais de 15 anos de trajetória e passagens por diferentes editorias, como Cidade, Cultura e Esportes.

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