Pedágio na Rio-Santos: moradores criticam sistema de cobrança
A cobrança do pedágio na Rio-Santos (BR-101), em operação desde 31 de março, ainda não tem nem uma semana, mas já tem deixado muita gente de cabelo em pé. E neste caso, não se trata nem da tarifa em si, que segue mobilizando cidadãos quanto a pedidos de isenção para quem reside no entorno.
O ATUAL teve acesso a um grupo de Whatsapp com moradores de Itaguaí, que trocam incontáveis mensagens todos os dias exatamente a fim de conseguir uma solução que os desobrigue de desembolsar R$ 4,10 ou R$ 6,80 (a depender do dia da semana) por cada passagem no pórtico do km 414 – os outros pontos ficam em Mangaratiba (km447) e Paraty (km 538).
E entre áudios e textos, nos últimos dias, a busca pela isenção tem dividido espaço com outra pauta: reclamações sobre o free flow. Assim tem sido chamado o sistema de cobrança inédito no Brasil, que a concessionária CCR RioSP implementou em substituição às tradicionais praças de pedágio para realizar a cobrança da tarifa de maneira automática, por meio da placa do veículo ou da TAG, um dispositivo que o motorista cola no para-brisas.
FALTA INFORMAÇÃO
Um morador de Coroa Grande, que mora a menos de um quilômetro do pórtico, reclama que só consegue ter o detalhamento de suas passagens pelo aplicativo da Veloe, operadora de TAG que contratou recentemente. Pelo canal, ele consegue visualizar dias e horários de passagens, além do desconto previsto em contrato com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), responsável pelas rodovias federais, para todos os motoristas que usam o dispositivo no para-brisas.
O cliente ressalta, porém, que gostaria de consultar ambos os aplicativos a fim de ter um controle maior de suas passagens: “O aplicativo da CCR só mostrava que não tenho débito. Até porque tenho a TAG. Não há o extrato dos dias que passei. Isso só tenho na Veloe. Acho que a CRR só quer receber”.
COBRANÇAS OMITIDAS
Outra moradora de Coroa Grande tem duas críticas a fazer sobre o recém-implementado sistema de cobrança de pedágio na Rio-Santos. Uma delas também diz respeito ao detalhamento de suas passagens pelo pórtico.
Ela relata que o extrato no aplicativo Santander computa algumas passagens com a TAG pré-paga, e outras, não: “Tenho passado todos os dias. Mas olha a doideira: não descontou do dia 31 de março, nem do dia 2 de abril”.
Outra contestação, na verdade, é sobre o que aconteceu com seu marido. Ele teria usado a TAG pré-paga do Sem Parar pela primeira vez nesta terça (4), mas no extrato já consta uma passagem no dia 31, quando ele usou a placa do carro como identificação: “Como pode se ele só instalou a TAG ontem (segunda-feira)?”, indaga a usuária.
HORÁRIO ERRADO
O problema com o detalhamento sobre as passagens no aplicativo da TAG afetou também uma outra usuária do pedágio da CCR RioSP. E no caso dela, teria ocorrido algo pior: o horário errado em um dos registros.
Enquanto o aplicativo da TAG Santander mostra no celular que ela cruzou o pórtico na madrugada desta terça, às 4h23, a cliente assegura não ter dirigido pela rodovia neste instante: “Não passei por lá neste dia, muito menos neste horário”.
SEM DESCONTO
Assim como muitos usuários, uma moradora do bairro Raiz da Serra optou por uma TAG pré-paga – nesse caso, do Itaú. Ela conta que colocou um crédito de R$ 30 que se esgotou em seis passagens – duas na sexta (31) à tarde, e mais quatro, nesta segunda (3).
O valor desse vai-e-vem, nesses horários, deveria ficar abaixo de R$ 24,60, levando em consideração os devidos descontos, já que foram seis passagens de R$ 4,10. Ela, no entanto, verificou que já estava na hora de um novo depósito.
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Ou seja, segundo seus cálculos, não houve desconto: “Cobraram os valores integrais. Sou servidora em Mangaratiba e moro em Itaguaí. Passo pelo pedágio de segunda a sexta. Cadê o desconto?”.
O QUE DIZ A CCR RIOSP
O ATUAL procurou a CCR RioSP com a lista dos problemas específicos de cada usuário que a reportagem ouviu. A concessionária retornou com uma nota, mas sem mais detalhes.
Dentre as respostas, a empresa informa que o valor da tarifa estará disponível para pagamento em até 48 horas. E que os condutores com a TAG devem consultar o débito no extrato da operadora.
A CCR afirma ainda que se o débito não constar após 48h, é necessário procurar o Serviço de Atendimento ao Cliente da prestadora do serviço.
Sobre o aplicativo da concessionária, a CCR RioSP diz que a ferramenta está em “constante melhoria e evolução” por se tratar de uma tecnologia nova.
E a respeito do desconto, a companhia destaca que o abatimento na tarifa acontece a partir da segunda passagem pelos mesmos pórtico e sentido dentro de um mesmo mês vigente.
Confira a nota na íntegra abaixo:
“Sobre os problemas apontados pela reportagem, a concessionária informa que o valor da tarifa estará disponível para pagamento em até 48 horas. Os débitos nos canais de autopagamento da concessionária, como o app, aparecem apenas para os clientes que não possuem uma etiqueta eletrônica (TAG) no veículo. Os clientes com uma etiqueta eletrônica válida devem consultar o débito no extrato da operadora. Se o débito não constar após o período de 48h, o motorista deve procurar o Serviço de Atendimento ao Cliente da prestadora do serviço. Com relação ao app da concessionária, importante ressaltar que trata-se de um sistema novo. Por isso, os nossos serviços estão em constante melhoria e evolução. Neste período de início de cobrança, a tendência é que existam pontos que serão melhorados para o aperfeiçoamento do serviço. Sobre o Desconto do Usuário Frequente, o DUF, previsto em contrato de concessão, importante explicar que ele é válido a partir da segunda passagem pelo mesmo pórtico de free flow e sentido dentro do mesmo mês vigente”.