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Jovens instrumentistas de Itaguaí exaltam projeto social que as ajudou a tocar na Europa

Com sete anos de trabalho voluntário na orquestra Commil (Corporação Musical Maestro Ilson de Lima) de Itaguaí, o professor Allan Oliveira já pode dizer com orgulho que teve participação fundamental na ida de duas de suas alunas para apresentações na Europa. E quem atesta que ele pode nutrir tal sentimento são as próprias Ana Flávia Nascimento e Maria Eduarda Nepomuceno, de 17 e 15 anos, respectivamente. Em entrevista ao ATUAL, logo após chegarem de viagem, elas atribuíram a conquista internacional à passagem pelo projeto social da ONG O Aprisco – que atende crianças e jovens também há sete anos, a serem completados na terça-feira (15).

Apesar da típica timidez que acomete muitos jovens, Ana, que toca trombone, e Maria, especialista no trompete, não economizaram nas palavras para enfatizar a participação da Commil e, especialmente, do professor Allan na jornada que culminou em quatro apresentações no Velho Continente: Cascais, Braga e Lisboa em Portugal, e outra em Madri, na Espanha.

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Para as jovens instrumentistas, o projeto social, no qual chegaram juntas em 2016, representa o início de tudo quando o assunto é trajetória musical: “Foi lá que comecei, onde tive meu primeiro contato com um instrumento de metal de verdade. Os toques e os ensinamentos do mestre Allan e a Commil foram peças-chave nesta conquista”, recorda Maria, que cursa o 1º ano no Colégio Estadual Sandra Roldan Barboza.

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As instrumentistas durante passagem por Braga, em Portugal (Arquivo pessoal)

Ana e Maria durante passagem por Lisboa, em Portugal (Arquivo pessoal)

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O professor Allan (de camisa preta à esquerda) ao lado de Maria Eduarda e Ana Flávia, juntos com outros jovens que a Commil atende (Arquivo pessoal)

Em sintonia com a amiga, Ana enxerga a orquestra e o professor como divisores de água na sua vida: “Tudo aconteceu depois que conheci o Mestre Allan e a Commil. Me trouxeram muito aprendizado e me encaminharam até esta conquista”, destaca Ana, aluna do 3º ano no Colégio Estadual Clodomiro Vasconcelos.

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Já Allan encara de maneira modesta as palavras das pupilas: “Acredito [que pensem assim] por terem iniciado na música comigo, na Commil, e por participarmos do desenvolvimento delas e na projeção para instituições fora de Itaguaí. Também auxiliamos na emissão do passaporte e em questões jurídicas para que pudessem sair do país”, relembra o professor, resumindo em poucas palavras o que sentiu ao ver a dupla embarcar: “Um misto de gratidão e motivação”.

OUTRAS CONQUISTAS

Entre a iniciação na Commil e as apresentações em solo europeu, porém, elas tiveram outras conquistas. Em 2019, ajudaram a própria orquestra a conquistar a etapa estadual do Concurso de Bandas e Fanfarras na categoria Banda Marcial Juvenil. No mesmo ano, ingressaram na Bamita (Banda Municipal de Itaguaí), onde se sagraram bicampeãs nacionais e tocam até hoje, paralelamente à Commil.

Ainda sobre as conquistas em comum e simultâneas, a dupla ingressou em 2021 na Orquestra Feminina Chiquinha Gonzaga, no Rio de Janeiro. Lá, após audições, passaram a receber uma bolsa-auxílio, o que caracterizou o início da carreira profissional de ambas. Inclusive, foi neste instituto que ganharam o direito de se apresentarem em Portugal e na Espanha após um teste interno.

FUTURO FORA DO PAÍS

Com tantas semelhanças, em trajetórias e visões, as musicistas parecem começar uma discordância no seguinte ponto: uma maior propensão ou não para deixar as raízes em Itaguaí e ganhar o mundo da música. Talvez até pela idade, Maria (15) é mais comedida: “Penso em deixar a cidade para ter mais oportunidades. Mas não seria para agora, talvez um pouco mais para frente. Meus pais ainda são responsáveis por mim”, observa a jovem, que é natural da cidade.

Já Ana (17) – que nasceu em Fortaleza, mas chegou a Itaguaí com cinco anos – vê mais viável a curto prazo o futuro longe da cidade. E o que a fez se atentar mais para essa possibilidade foi exatamente a experiência europeia: “Em uma faculdade de Braga, conversando com o diretor, ele falou de oportunidades de ter uma bolsa lá em alguns anos. Isso abriu minha mente para sair do país e estudar fora. Me deixou essa meta. Mas quero estar preparada antes para quando isso acontecer”, pondera.

BUSCA POR APOIO

Mas enquanto o possível – ou provável – momento de Ana e Maria deixarem Itaguaí não chega, a Commil busca meios de melhorar a estrutura para receber as amigas e os outros jovens que atende. Segundo Allan, o investimento atual vem da Porto Sudeste do Brasil, porto para manuseios de granéis sólidos e líquidos, por meio de um programa de aceleração da Gerando Falcões, ONG voltada para o desenvolvimento social em periferias e favelas de todo país.

Ainda de acordo com Allan, está no radar a busca de apoio junto à prefeitura de Itaguaí: “Ainda não tentamos, mas estamos nos preparando para isso. Queremos antes formalizar nossa instituição e estruturar nossa equipe de trabalho para tentar firmar parcerias públicas”, detalha o professor, sonhando com mais pupilos alçando altos voos.

Redação

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