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Itaguaí: movimento pró-habitação organiza ato para o 1º de Maio

Foi assim em 2021 e 2022: uma espécie de “tradição” de 1º de Maio que traz um grupo (às vezes numeroso) de pessoas a Itaguaí, em frente ao antigo Boteco Cadena, na Avenida Doutor Octávio Cabral. Eles reivindicam o terreno de quase 2 milhões de metros quadrados que pertence à Petrobras a fim de que nele se distribuam lotes para servirem como moradia para pessoas em vulnerabilidade social.

Em 2021, houve ocupação do terreno que culminou com uma liminar de reintegração de posse favorável à Petrobras, e conflito com polícia de choque dois meses depois, inclusive com bombas de efeito moral e derrubada de barracas e casas improvisadas. Houve feridos sem gravidade. Em 2022, ocorreu mais um ensaio para tentar repetir o movimento do ano anterior, mas sem muitos adeptos e sem ocupação.

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SAIBA MAIS SOBRE A OCUPAÇÃO EM 2021 E A MANIFESTAÇÃO DE 2022:

https://jornalatual.com.br/itaguai/reintegracao-de-posse-de-terreno-da-petrobras-teve-conflito-sem-feridos-graves/
https://jornalatual.com.br/itaguai/policia-reforca-policiamento-em-terreno-da-petrobras-em-itaguai/

Dois anos depois, nesta terça-feira (30), a véspera de mais um 1º de Maio traz mais uma vez manifestantes pró-habitação perto do mesmo local. Eles estão na rotatória na entrada da cidade e se preparam para um ato no Dia do Trabalhador com marcha até a entrada do terreno que já foi ocupado.

Agora, explica Eric Vermelho – representante do “Movimento do Povo” – a intenção é criar uma agrovila urbana com financiamento do programa do governo federal para a habitação, o “Minha Casa, Minha Vida”. Segundo Eric – que falou com exclusividade ao Atual ainda nesta noite de terça (30) -, tem havido diálogo com a Petrobras e o governo federal nesta direção. O objetivo principal é, nas palavras dele, “a necessidade de moradia deste povo que foi expulso da terra”.

Ainda em 2021, o Atual cobriu os incidentes resultantes daquela que, na ocasião, foi uma grande ocupação, com famílias inteiras chegando de ônibus de várias procedências. Depois de dois meses de ocupação, havia até mesmo uma cozinha comunitária em plena operação, muitos barracos já erguidos com madeira e até mesmo pequenas ruas desenhadas ao longo do terreno, que se estende em uma longa faixa pela Octávio Cabral.

Manifestantes em 2021 resistiram. O enfrentamento, mesmo sem maiores consequências, foi intenso. Na ocasião, defensores e entusiastas queriam ver a terra repartida para várias famílias e o vislumbre de que ali poderia inclusive ser um novo bairro de Itaguaí. Críticos, contudo, disseram que lotes estavam sendo comercializados por pessoas que já tinham até imóveis na capital, o que contrariava a natureza do movimento.

Terça-feira (30) à noite, véspera do Dia do Trabalhador: manifestante cozinham e ocupam rotatória em vigília como preparação para ato em frente ao terreno da Petrobras: em prol da habitação, diz representante do “Movimento do Povo” (Foto: Eric Vermelho)

Mas, segundo Eric, em 2024 o movimento tem um caráter diferente. Ele explicou a agenda: “Amanhã [dia 1º] vamos fazer um ato local e sair em marcha até o posto de gasolina, ir para a frente da terra, fazer um ato de três anos de luta, e em seguida voltar para onde estávamos [na rotatória], fazer uma refeição em um acampamento e encerrar”. Porém, ele acrescenta: “a não ser que as pessoas decidam por algo diferente”. Eric certamente se refere ao fato de que, a depender da disposição (e da quantidade) de envolvidos, poderá haver uma nova tentativa de ocupação.

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Na noite desta terça-feira (30) havia ainda poucas pessoas na rotatória, mas Eric Vermelho garantiu que para o ato do 1º de Maio muito mais gente se juntará aos cerca de 15 manifestantes que já estavam cozinhando no local em clima de acampamento. Não houve interrupção do tráfego e nem conflito, embora a policia tenha estado mais cedo por ali para garantir o fluxo de veículos sem transtornos.

Jupy Junior

Jupy Junior é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) com Mestrado em Comunicação pela mesma instituição. Atuou em diversas empresas jornalísticas e como assessor de imprensa. Recebeu o título de cidadão itaguaiense, concedido pela Câmara Municipal de Itaguaí, em 2012. Lecionou em cursos de graduação em Comunicação Social nas Universidade Estácio de Sá (UNESA) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Foi subsecretário de Comunicação Social e Eventos na Prefeitura Municipal de Mangaratiba em 2016. Atuou como Editor Executivo do Jornal Atual entre 2012 e 2015 e é Diretor de Jornalismo do Jornal Atual desde 2021.

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