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Festa Literária Internacional de Paraty celebra esse ano sua 20ª edição

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) celebra agora, em 2022, seus 20 anos, retomando as ruas e praças da bela e histórica cidade da Costa Verde. A edição desse ano será realizada entre 23 e 27 de novembro, trazendo para o centro de seus debates a pluralidade de visões e sensibilidades que estão em jogo na contemporaneidade. Esse ano a homenageada da festa será Maria Firmina Reis, considerada a primeira romancista brasileira, uma pioneira na crítica antiescravista da nossa literatura, num tempo em que era inimaginável esse tipo de manifestação. Talvez por isso ela tenha sido condenada a um obscurantismo que agora os organizadores da Flip cuidam de minimizar, resgatando a história de uma mulher verdadeiramente à frente de seu tempo, com o uso de uma literatura ácida contra uma das maiores mazelas da história do Brasil – a escravidão.

Dona de uma trajetória incomum, por ter lançado um gênero literário sem precedentes no Brasil, inspirando romances abolicionistas que só emergiriam na cena nacional décadas depois, Maria Firmina Reis foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no estado do Maranhão para o cargo de professora primária. Com o próprio salário, ela se sustentava sozinha numa época em que isso era absolutamente atípico. Oito anos antes da Lei Áurea, criou a primeira escola mista para meninos e meninas, que não chegou a durar três anos, tamanho escândalo que causou na cidade de Maçaricó, em Guimarães, onde foi aberta.

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Maria Firmina Reis tem um busto no Museu Artístico e Histórico do Maranhão (Reprodução)

Negra, filha de mãe branca e pai negro, registrada sob o nome de um pai ilegítimo e nascida na Ilha de São Luis, no Maranhão, Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917) fez de seu primeiro romance, Úrsula (1859), algo até então impensável: um instrumento de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens escravizados. “Em sua literatura, os escravos são nobres e generosos. Estão em pé de igualdade com os brancos e, quando a autora dá voz a eles, deixa que eles mesmos contem suas tragédias. O que já é um salto imenso em relação a outros textos abolicionistas”, contou ao site Revista Cult a educadora Régia Agostinho da Silva, professora da Universidade Federal do Maranhão e autora do artigo “A mente, essa ninguém pode escravizar: Maria Firmina dos Reis e a escrita feita por mulheres no Maranhão”.

Notabilizada mundialmente esse ano por ter ganhado o Prêmio Nobel de Literatura, a escritora francesa Annie Ernaux dividirá um momento de reflexão com a autora Veronica Stigger (RS), no sábado (26), a partir das 15h, na mesa intitulada “Diamante Rubro”, em que vão refletir sobre o papel da arte e a força da escrita.

Prêmio Nobel de Literatura em 2022, Annie Ernaux estará na Flip, no dia 26 (Fósforo Editora)

PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira, dia 23 – 20h – Mesa 1: Pátrios lares
Mesa dedicada à autora homenageada pela Flip 2022, Maria Firmina Reis, que enfrentou anos de invisibilidade e esquecimento, mas produziu primorosos relatos para a história da literatura brasileira. Com especialistas na obra da autora e do período em que ela produziu, o painel pretende provocar um debate produtivo sobre gêneros literários, abolicionismos e a história do Brasil. Nessa mesa estarão Ana Flávia Magalhães Pinto (DF), Fernanda Miranda (BA) e Midria (SP).

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Quinta-feira, dia 24 – 10h – Mesa 2: Minha Liberdade
Esta mesa propõe uma discussão sobre uma autora sem rosto, cujos escritos permanecem ainda pouco pesquisados. Trata-se do encontro de intelectuais que pesquisam a literatura brasileira e o período em que Maria Firmina dos Reis atuou. Em diálogo, eles podem nos ajudar a entender de que forma a produção da autora contribui para o pensamento sobre o Brasil, sobretudo a partir da Independência. Nela estarão Lilia Schwarcz (SP) e Eduardo de Assis Duarte (MG).

Quinta-feira, dia 24 – 12h – Mesa 3: A literatura em que habito
A mesa põe em cena escritas profundamente ligadas ao deslocamento, entreculturas, línguas e formas artísticas. Diversos trânsitos migratórios fazem de suas obras um entre-lugar em que se experimentam sentimentos de pertencimento e desarraigo, em que o sentido precisa ser constantemente retraduzido. Ela será integrada por Bessora (França, Gabão, Suíça), Carol Bensimon (RS) e Prisca Agustoni (MG).

Quinta-feira, dia 24 – 19h – Mesa 4: O corpo de imagens
Este encontro instiga reflexões sobre as conexões entre performance, poesia, fotografia, literatura e artes visuais, com a participação de artistas que compõem obras em suportes, linguagens e formatos variados. São eles Lenora de Barros (SP), Ricardo Aleixo (MG) e Patrícia Lino (Portugal).

Quinta-feira, dia 24 – 20h30 – Mesa 5: A festa das irmãs perigosas
Reúnem-se nesta mesa escritoras que inspiram novas formas de contar, seja por meio da desorganização dos gêneros literários canônicos, seja pela discussão profunda de gênero, seja, ainda, pela criação de novas linguagens na literatura, no cinema e no teatro. Suas protagonistas serão Camila Sosa Villada (Argentina) e Luciany Aparecida (BA).

Sexta-feira, dia 25 – 10h – Mesa 6: Ainda longos combates
Alusiva ao centenário da Semana de Arte Moderna, a mesa coloca frente a frente intelectuais que discutem as implicações de uma noção de brasilidade na literatura. Pensando no cânone brasileiro, eles colocam em pauta a contribuição de autores marginalizados para a criação de uma identidade que seria colocada em xeque pela Semana de 22. Dela participam Allan da Rosa (SP) e Eduardo Sterzi (RS).

Sexta-feira, dia 25 – 12h – Mesa 7: Risco e transformação
Um encontro entre diferentes gerações de escritoras que trabalham com linguagens artísticas, e, ao se cruzarem em seus trabalhos, trazem uma discussão sobre as pontes entre poesia e artes visuais, feminismos e outros ativismos. São elas Cecilia Pavón (Argentina) e Fabiane Langona (RS).

Sexta-feira, dia 25 – 15h – Mesa 8: O que deixaram para adiante
Esta mesa põe em diálogo autores que se apropriam de elementos presentes em discursos e tradições variados para reinventar gêneros e ressignificar acontecimentos, colocando genealogias em choque e questionando o presente. Os convidados são Ladee Hubbard (EUA) e Geovani Martins (RJ).

Sexta-feira, dia 25 – 17h – Mesa 9: E seu fosse
Esta mesa reúne autores que borram as fronteiras entre o eu ficcional e o eu autoral. Com trabalhos tão genuínos quanto controversos por sua ruptura com o decoro, eles levantam questões sobre a politização da arte e os limites entre literatura, vida, texto, autoria e voz narrativa. Dela participam Amara Moira (SP) e Ricardo Lísias (SP).

Sexta-feira, dia 25 – 19h – Mesa 10: Do mal que tu me deste…
Nesta mesa estarão escritores que embaralham os gêneros literários com narrativas que explicitam as relações entre ciência, sociedade e literatura. A imaginação dos autores se alia a escritas que põem em suspenso as fronteiras, as definições e os limites do literário para indagar a ética da existência humana. Ela terá a participação de Benjamin Labatut (Chile) e Luiz Mauricio Azevedo (RS).

Sexta-feira, dia 25 – 20h30 – Mesa 11: Livre e infinito
Mesa dedicada à artista Claudia Andujar, com a participação de duas gerações de fotógrafas brasileiras comprometidas com a Amazônia e os direitos humanos. Nela estarão reunidos Davi Kopenawa (RR), Nair Benedicto (SP) e Nay Jinknss (PA).

Sábado, dia 26 – 10h – Mesa 12: Cidades e floresta
O músico paratiense Luís Perequê, a educadora, filósofa e artesã Cris Takuá e o líder e cineasta indígena Carlos Papá, ambos do povo Guarani Mbya, trazem os saberes ancestrais e práticas locais para o centro do debate sobre a construção de sistemas abertos de cidade. Esses temas serão tratados por Luís Perequê (RJ), Carlos Papá (SP) e Cristine Takuá (SP).

Sábado, dia 26 – 12h – Mesa 13: Memória Flip 20 anos
Uma mesa muito especial, que reúne autores que participaram das primeiras edições da Flip. Eles são convidados a discutirem os rumos, produções e movimentos dos últimos vinte anos do cenário literário nacional e internacional. Nela estarão Pauline Melville (Guiana) e Bernardo Carvalho (RJ).

Sábado, dia 26 – 15h – Mesa 14: Diamante Rubro
As autoras reunidas nessa mesa desviam-se da simplificação e se abrem a ambivalências. Elas ressignificam a ideia de narrar os acontecimentos, inspirando um exercício do ofício literário que está em constante combate com a realidade. Com linguagens construídas à luz de suas experiências, elas lançam reflexões sobre o papel da arte e a força da escrita. Nela estarão a ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 2022, Annie Ernaux (França), e Veronica Stigger (RS).

Sábado, dia 26 – 17h – Mesa 15: Desterrando o susto
A mesa propõe o encontro entre duas autoras que escrevem sobre solidão, ruptura e travessias. Com desejo e bravura, em viagens pelo mar e pela terra, elas incentivam a criação de novos espaços para criação e imaginação do público. Suas convidadas são Nastassja Martin (França) e Tamara Klink (RJ).

Sábado, dia 26 – 19h – Mesa 16: Entrar no bosque de luz
A mesa propõe o encontro de duas pensadoras de grande talento narrativo e perspectivas sócio-históricas diversas, de modo a pensar como a escrita e a imaginação constituem o espaço para rever, a contrapelo, o papel de mulheres e escravizados, entre outros, na tessitura do cotidiano. São elas Saidiya Hartman (EUA) e Rita Segato (Argentina).

Sábado, dia 26 – 20h30 – Mesa 17: Palavra livre
A mesa panlusófona responde à emergência de novas vozes, às margens dos espaços clássicos de consagração literária, a sua força lírica, a um só tempo poética e política. Ao mesmo tempo, em diálogo com outras linguagens, a mesa contempla a performance e a memória do corpo, que se reafirmam nas artes dramáticas e na própria escrita. Seus debatedores são Alice Neto de Sousa (Portugal), Lázaro Ramos (BA) e Midria (SP).
Domingo, dia 27 – 10h – Mesa 18: O brando leque do gentil palmar
Esta mesa reúne escritoras que incorporam causas e clamores coletivos nas mais variadas manifestações, expandindo os limites do que é lido como periférico, de Cuba ao Sertão brasileiro. Cada uma à sua maneira, as escritoras desnaturalizam olhares sobre o feminino e o feminismo com suas poéticas. São elas Teresa Cárdenas (Cuba) e Cida Pedrosa (PE).

Domingo, dia 27 – 12h – Mesa 19: Encruzilhadas do Brasil
Um diálogo que discute quais ideias sobre o Brasil, real ou imaginado, mobilizam sua criação, assim como de que forma outras manifestações artísticas influenciam a sua produção, expandindo ou misturando gêneros literários. O tema será alvo da reflexão de Cidinha da Silva (BH) e Cristhiano Aguiar (PB).

Domingo, dia 27 – 15h – Mesa 20: Livros de cabeceira
Como já é tradição na Flip, autores convidados reúnem-se para ler trechos de suas obras preferidas na última mesa da Festa Literária, “Livro de cabeceira”.

Redação

O Atual atua desde 2001 em Itaguaí, Mangaratiba e Seropédica com notícias, informações e demais serviços jornalísticos, digitais e audiovisuais. Além disso, aborda ocasionalmente assuntos que envolvem também a Zona Oeste da capital do Rio de Janeiro. O Atual oferece matérias e vídeos em seu site e nas suas redes sociais, com o compromisso de imprensa legítima e socialmente responsável.

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