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Família sofre com fortes chuvas e pede doações em Itaguaí

Uma das definições para “pânico” no dicionário diz que se trata daquilo “que assusta ou amedronta sem razões aparentes”. Mas no caso de Adriana Santos, moradora do bairro Parque Primavera, em Itaguaí, o temor se dá por uma razão muito bem definida e que vem do alto: a chuva.

Depois de dois episódios no ano passado em que a água invadiu sua casa, por conta do transbordamento de um valão a pouco metros de distância, na manhã da última quinta-feira (26), devido aos ventos fortes, ela, que disse entrar em pânico ao menor sinal de chuva, viu algumas das telhas que protegem a residência se desprenderem.

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Resultado: o pouco que ela tem, como colchões e roupa de cama, ficou encharcado e assim permaneceu pela ausência do sol no dia seguinte: “Tivemos que dormir no molhado”, revela ao ATUAL a dona de casa de 37 anos, que mora com o companheiro e sete filhos (entre 7 e 19 anos) no imóvel de dois quartos, sala, banheiro e cozinha.

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DOAÇÕES

“Chovia mais dentro de casa do que fora”, lembra Adriana, se referindo aos momentos que se sucederam ao destelhamento. Na ocasião, segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o temporal chegou ao acumulado de 50,6 mm nas primeiras horas de quinta em Itaguaí (a previsão para todo o dia era de 20 mm).

Esse problema de chuva dentro de casa, ao menos por ora, não preocupa mais, já que um vizinho doou algumas telhas – que por falta de parafusos, estão no lugar apenas porque há pedras em cima.

Os colchões da família ficaram totalmente encharcados após o destelhamento da casa (Arquivo pessoal/Lídia de Oliveira)

Inclusive, doação é o caminho mais viável para que essa família de nove pessoas, cuja única renda fixa é o salário do marido em uma madeireira, tenha condições de vida um pouco mais razoáveis: “A Adriana não tem muitas coisas. Não tem mesa de jantar e sofá, por exemplo, porque cai a chuva, enche a casa, e ela perde tudo. O que ela tem hoje veio de doações”, reforça Lídia de Oliveira, vizinha que fez uma postagem em uma rede social pedindo ajuda à amiga – foi assim que a reportagem soube do caso.

Dentre os principais itens que a família precisa por causa dos danos de quinta, estão colchões e roupas de cama e de banho, além de vestuário. Ademais, mantimentos em geral também são bem-vindos, pela situação financeira delicada no lar: “Muitas vezes, as compras deles não chegam ao fim do mês”, afirma Lídia, que se diz disposta a “ajudar no que for preciso” e disponibiliza o próprio número de celular para contato por parte de quem quiser colaborar: (21) 96577-8713.

As amigas e vizinhas Lídia (E) e Adriana (Arquivo (Arquivo pessoal/Lídia de Oliveira)

REFORMA NECESSÁRIA

Além dos itens acima, materiais de construção também ajudariam sensivelmente a família. É que além de terem destruído móveis, as chuvas fortes também já comprometeram a estrutura da casa: “Minha casa está toda rachada. As paredes estão com infiltração, está tudo podre”, detalha Adriana.

Já Lídia dá uma declaração que passa a dimensão, inclusive, de que a família corre riscos ao permanecer na residência: “Se você der um peteleco nas paredes dos quartos, ela cai. A casa não tem coluna”.  

PROBLEMA CRÔNICO

Ainda de acordo com a vizinha e amiga, chega a ser corriqueiro o transbordamento do valão que fica perto das cinco casas da região. E a de Adriana, por ser a mais próxima do fluxo de água (confira no vídeo abaixo) é a que mais sofre com enchentes: “A gente entra em pânico quando tem chuva”, confessa a moradora, relatando a tática para salvar a geladeira: “Não perdemos porque colocamos no alto”.

Lídia explica que a prefeitura já até enviou equipes ao local para verificar a situação, mas o obstáculo seria uma linha férrea nas proximidades que impede a instalação de manilhas para um melhor escoamento em dias de fortes chuvas: “A água fica sempre empossada. E quando tem temporal, enche as casas”.

SONHO

Enquanto tenta se recuperar de mais um caos que a tempestade trouxe, Adriana sonha. No caso, o sonho de uma nova residência em uma outra área onde chuvas não representem pânico e riscos.

Mas esse futuro parece bem mais distante do que o desejável já que a realidade atual é aquela de recursos escassos: “Não temos para onde ir, então ficamos aqui mesmo. Eu gostaria de me mudar, mas não temos condições de comprar ou construir outra casa”, reconhece ela, que procura aumentar a renda familiar com trabalhos pontuais como doméstica: “Às vezes faço faxina para fora, só que não ganho muito. Mas não é sempre. Às vezes tem, às vezes não”.

Apesar das dificuldades, porém, Adriana – que admite ter dificuldades para ler e escrever – se recusa a desanimar. E o motivo são seus filhos: “Comecei a trabalhar com 12 anos, quando minha mãe me abandonou. Então não quero para os meus filhos as dificuldades que passei”, encerra.

Luiz Maurício Monteiro

Repórter com mais de 15 anos de trajetória e passagens por diferentes editorias, como Cidade, Cultura e Esportes.

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