Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas é tema de palestra no Porto Sudeste
O Porto Sudeste – na Ilha da Madeira, em Itaguaí – recebeu na segunda-feira (3) o tecnologista sênior e coordenador de desenvolvimento tecnológico do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Marcelo Portes de Albuquerque, que fez uma palestra de cerca de uma hora e meio no auditório da empresa. O evento contou com a presença de representantes da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Itaguaí Construções Navais (ICN), duas das mais importantes indústrias que atuam em Itaguaí.
A organização foi de Aguinaldo Guimarães, criador e realizador da feira Oeste Export, atualmente assessor Comercial, de Marketing e Infraestrutura da Cotec/CBPF. Segundo ele, o evento foi para dar visibilidade às ações e serviços da Cotec/CBPF e apresentar as atividades do órgão. Guimarães aproveitou para lembrar que nos dias 16, 17 e 18 de novembro/22 a Cotec/CBPF irá realizar a 4ª O2i – Science Deep Tech and Innovation 2022.
O diretor de assuntos corporativos e de sustentabilidade do Porto Sudeste, Ulisses Oliveira, deu as boas-vindas a todos e ressaltou a importância da inovação, da ciência e da tecnologia nos empreendimentos em geral, e, em particular, no Porto. Ele mencionou o recente aumento do calado do Porto, que passou a contar com 20 metros para manobras dos navios de grande porte, o que trouxe um impacto positivo para as operações. Ulisses disse também que o procedimento inovador evitou transtornos ambientais e que se deu de forma mais segura para todos os envolvidos.
CBPF: FORÇA CIENTÍFICA
O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas atua em muitas frentes em prol da ciência brasileira, e é uma força inquestionável para que o país avance em setores estratégicos na economia e na vida das pessoas: esta foi a constatação principal a partir da exposição de Marcelo Portes de Albuquerque.
O CBPF existe desde 1949 e hoje é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). É um instituto com renome internacional na área de pesquisa e pós-graduação em física. Seus laboratórios são úteis para grupos de pesquisa no Brasil e no exterior e, no que pode dizer respeito diretamente a Itaguaí, para a indústria nacional.
O físico César Lattes (1924-2005), expoente da ciência brasileira que foi indicado sete vezes ao prêmio Nobel, é um dos fundadores. Lattes – cujo sobrenome batiza a conhecida plataforma de currículos de cientistas no Brasil – participou de uma das descobertas científicas mais importantes do século passado: a detecção do méson pi (ou píon), partícula que mantém prótons e nêutrons unidos no núcleo dos átomos.
O CBPF pesquisa e faz experimentos em muitas áreas, como demonstrou o palestrante: Física de altas energia e Astropartículas; Materiais e matéria condensada; Nanociência e Nanotecnologia; Biofísica e Biomateriais; Mecânica Estatística e Sistemas Complexos; Informação e Computação Quântica; Cosmologia e Gravitação; Processamento de Sinais e Inteligência Artificial e Instrumentação Científica.
Seus pesquisadores e tecnologistas participam de grandes colaborações científicas internacionais. Por exemplo, do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), na Suíça, do Laboratório Fermi (Fermilab), nos EUA, do Observatório Pierre Auger, na Argentina, dentre outros ainda em desenvolvimento. Muitos desses projetos têm potencial de impacto na produção e na indústria brasileira, e até mesmo no campo e na agricultura, como Marcelo Portes demonstrou.
A pós-graduação do CBPF tem classificação nota 7 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). É a nota mais alta. Além de estudantes brasileiros, o curso atrai também jovens do exterior. Segundo informações do site do instituto –https://www.gov.br/cbpf/pt-br – o CBPF é, dentre todas as instituições científicas brasileiras, a que mais publica trabalhos de excelência. Ainda em 2013, o mesmo ranking – um dos mais respeitados no mundo – apontou que os artigos publicados pelo CBPF receberam cerca de 70% mais citações que a média global.
PARCERIAS NA REGIÃO
O palestrante Marcelo Portes de Albuquerque conversou com o ATUAL ao final da palestra. Ele disse que a intenção de eventos como esse no Porto Sudeste é não só divulgar o trabalho do CBPF, mas também incentivar parcerias com indústrias locais a fim de que projetos no contexto do instituto possam colaborar com a excelência e a produção da região.
“Sem dúvida é interessante que os responsáveis pelos empreendimentos se aproximem do CBPF a fim de criar um movimento em torno da inovação tecnológica e científica”, afirmou Albuquerque.
Com um corredor logístico importantíssimo no estado e grandes empresas como Nuclep e ICN (além de portos, ferrovia e demais setores de indústria pesada), Itaguaí e Seropédica sem dúvida têm muito a ganhar se estreitarem laços com o CBPF, que atua em tantas frentes úteis ao desenvolvimento científico no Brasil. Apesar dos cortes agressivos no orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia – a promessa de suspender o bloqueio das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência (FNDCT) não se concretizou, por exemplo – o CBPF ainda atua para manter um certo protagonismo e uma visão de futuro que pode incluir Itaguaí e região, a depender da motivação e do empenho dos interessados.