DESTAQUERio de Janeiro

Artigo: Hasta luego, Rafael Grossi!

Por João Pedro Leal, subsecretário estadual de Energia Nuclear e Economia do Mar (Seenemar)

Nesta semana o Diretor Geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Rafael Grossi, esteve no Brasil, em Brasília e no Rio de Janeiro, para uma série de eventos institucionais e ações, incluindo o Palácio Guanabara, onde o tema central foi a retomada do projeto de construção final de Usina de Angra 3.

Sempre importante lembrar o caráter multifacetado do setor nuclear que congrega soluções alto impacto socioeconômico e ambiental, voltadas para, por exemplos (i) o enfrentamento a insegurança alimentar, (II) melhorias no tratamento do câncer e ainda (III) a defesa da nossa tão aclamada Amazônia Azul.

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Outro aspecto relevante que merece registro é a valiosa cadeia produtiva envolta neste setor, não apenas pelo estruturante aspecto tecnológico intrínseco as empresas prestadores de serviço e fornecedora de produtos, como também por um recurso humano possuidor de um conhecimento o qual urge tenha bem orientada transferência.

Após um breve hiato decorrente de duas situações pontuais, quando atualmente os níveis de controle garantem melhor segurança, a indústria nuclear renasce em um mundo que clama pela descarbonização.

Tal fato se evidencia pelo número crescente de reatores em construção, somente a China, hoje, constrói 14 Usinas Nucleares, outro é o preço do Urânio, matéria prima base do setor, que mantém consolidada curva de crescimento.

Neste último ponto, vale interessante parênteses, hoje somos considerados a quinta reserva de Urânio do mundo levando em conta pesquisa geológica defasada. Já ouvi que o Brasil somente não seria o primeira em razão das reservas australianas (que ao contrário de nós não detém a tecnologia afeta a construção do elemento combustível), em suma, também podemos ser estratégico exportador para o mundo.

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Falando em tendência, também no âmbito global, quando se falar sobre IA deve-se apontar que os grandes storages responsáveis pelo armazenamento de TB de informação demandarão bastante energia e nesse compasso não há melhor solução que os SMRs (Small Modular Reactors) em desenvolvimento também para este fim, não há toa, Bill Gates maneja seus investimentos via a startup Terra Power LLC.

Bem, mas no curtíssimo prazo não há outro empreendimento tão emblemático para o Programa Nacional Nuclear que o empreendimento da Usina Angra 3.

Nos limites da competência estadual regulatória, com o apoio do Governador Cláudio Castro, contribuiremos para o alcance de uma tarifa mais competitiva através do Renuclear RJ que se consubstancia em um incentivo fiscal que traduz-se em benefícios socioeconômicos e financeiros decorrentes para nosso Estado.

Com a retomada das obras, segundo estudos da FGV, poderão ser criados mais de 18 mil empregos diretos e indiretos, durante as obras, fora outros empreendimentos correlatos que virão como o Projeto Centena, manejado pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e a expansão da fábrica de combustível na INB (Indústrias Nucleares do Brasil), o setor nuclear brasileiro está sediado no Rio de Janeiro.

Válido também destacarmos a importância de termos em nossa matriz elétrica, energia de base, como a nuclear a qual proporciona segurança e equilíbrio necessários, especialmente, em tempos de mudanças climáticas.

Tenho minhas convicções e crenças e venho trabalhando de forma irrestrita para que o Brasil seja um dos protagonistas deste vetor econômico estratégico possuidor de uma diferenciada cadeia produtiva que pode contribuir, de fato, para o nosso bem estar social.

Neste sentido, após a chancela da EPE (Empresa Planejamento Energético) aos estudos bem escriturados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) penso que em meados de setembro, os Ministros que compõem o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) terão urgente esclarecimento em apontar para a retomada desta, tão necessária, obra.

O Programa Nuclear Brasileiro nunca viveu momento tão decisivo, o setor é amplo e com múltiplas aplicações porém o empreendimento de A3 é emblemático para sinalizar aonde podemos e iremos alcançar.

Espero vê-lo, em breve, na cerimônia de retomada das obras de Angra 3, Ilmo. Rafael Grossi, como bem disses, “não há desenvolvimento mundial do setor nuclear sem a presença do Brasil”.

Hasta Luego Rafael Grossi!

Redação

O Jornal Atual atua desde 2001 nas cidades de Itaguaí, Mangaratiba e Seropédica, bem como em parte da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, abordando o cotidiano da região e prestando serviço à comunidade da qual está inserida.

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