Dona Naná: aluna mais velha da rede de ensino do RJ ganha festa de aniversário em Itaguaí
Ignácia de Carvalho do Carmo completou 86 anos de idade nesta terça-feira (1). Para quem não associou o nome à pessoa, ela é a Dona Naná – como amigos e familiares a chamam carinhosamente –, a aluna mais velha dentre os quase 700 mil estudantes da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. E como a data não poderia passar em branco, colegas da 2ª série do curso de Formação de Professores, no Colégio Estadual Clodomiro Vasconcelos, em Itaguaí, fizeram uma festa surpresa, com direito a bolo, guaraná, balões, flores e até cartão de aniversário.
Dona Naná ficou famosa nacionalmente – a ponto de aparecer no Fantástico, da TV Globo – após reportagem do ATUAL em 2022, quando mostrou todo seu carisma e determinação para estudar, apesar dos obstáculos – a propósito, a repórter Dilceia Norberto, responsável pela matéria, esteve na comemoração.
Com toda a simpatia que lhe é peculiar, Dona Naná brincou, em entrevista à Secretaria estadual de Educação, com a atual fase da vida: “Tinha muito medo da velhice. Mas se soubesse que seria tão feliz nesta fase, com certeza, ia querer ficar mais velha antes”, disse a estudante, vibrando com a festa e garantindo que não desconfiou da surpresa dos colegas de classe: “Posso dizer que estou nas nuvens. É como se eu estivesse anestesiada, de tanta felicidade. Eles conseguiram me enganar direitinho”.
SONHO E INFÂNCIA DIFÍCIL
Como “presente”, ela espera concluir o curso para realizar o sonho de se tornar professora: “Está quase chegando. Ano que vem consigo me formar! Se me falassem isso, há um tempo, eu não acreditaria. Só tenho que agradecer a Deus e a todos que colaboram diariamente para que isso possa acontecer”.
Antes de se aproximar do seu objetivo, no entanto, Dona Naná trilhou uma história difícil, que começou quando era ainda muito nova. Filha de lavradores, ganhou do pai uma enxada de presente aos 8 anos. E os estudos, algo que tanto gosta hoje, duraram só um ano durante a infância.
Já na juventude, aos 17 anos, Dona Naná se casou. Depois de 51 anos, ficou viúva e logo assumiu a missão de cuidar de uma das irmãs, que adoecera. Foi nessa fase da vida que conheceu de verdade os estudos, sempre com a ajuda e incentivo da sobrinha Brígida.
Desde então, desfruta cada segundo desta jornada em sala de aula. E hoje, aproveita sua própria trajetória para aconselhar os mais jovens: “Permaneça nos seus sonhos, lute pelos seus objetivos, seja honesto e leal. Nunca desista. Se você realmente quiser, lute que você vai conseguir realizar”, conclui.