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Prefeito de Itaguaí: “Vamos acabar com a emancipação política de Seropédica”

Itaguaí está entrando com uma ação judicial porque agora vamos acabar com a emancipação para parar com essa discussão sobre o que é de Seropédica, o que é de Itaguaí. Agora vai ser tudo Itaguaí. Eu vou entrar nessa briga, já estou avisando, porque vamos voltar a ser um município só”. A declaração é do prefeito de Itaguaí, Rubem Vieira (Podemos), que na terça-feira (6), às 21h45, fez uma live de pouco mais de 18 minutos nas suas redes sociais no Facebook e no Instagram.

Assista o vídeo em que Rubem Vieira anuncia a determinação de ajuizar ação para reaver o território de Seropédica para que ele volte a pertencer a Itaguaí:

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O Procurador-geral de Itaguaí, Thiago Morani, participou da live e confirmou: “Estamos nos preparando para rediscutir a emancipação que foi feita de maneira inconstitucional, já reconhecida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e agora vamos ao Supremo Tribunal Federal para transformar tudo em Itaguaí e os filhos de Seropédica vão voltar para casa e vão ter um novo rumo de crescimento”.

A declaração de Vieira caiu como uma bomba no meio político e começa a tomar repercussão também entre a população dos dois municípios.

O contexto

O prefeito de Itaguaí anuncia primeiro na live que o município obteve uma vitória na Justiça no que diz respeito à disputa com Seropédica pelo imposto pago pela empresa Ciclus, que mantém na região o conhecido Aterro Sanitário às margens do Arco Metropolitano.

A briga pelo dinheiro dos impostos em territórios limítrofes é antiga entre Itaguaí e Seropédica. Com a instalação da empresa sanitária, o embate ficou mais acirrado. As procuradorias sempre tiveram trabalho, quer seja para barrar decisões anteriores, quer seja para pleitear as terras, e, consequentemente, os impostos decorrentes.

Thiago Morani, Procurador-geral de Itaguaí (ao lado de Rubem Vieira na live), diz que emancipação é inconstitucional e confirma que município vai ajuizar uma ação nesse sentido (Reprodução internet)

No último dia 1º de junho, mais um capítulo da briga: Itaguaí conseguiu de forma liminar que os impostos sejam bloqueados, ou, dito de outra forma, que sejam depositados judicialmente. Desta forma, Seropédica não vai receber impostos da Ciclus já a partir deste mês. Embora Itaguaí também não passe a receber, o embate adquiriu um novo contorno.

Não houve divulgação do valor que a Ciclus paga de impostos a Seropédica, mas é razoável supor que não seja uma quantia desprezível.

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Apesar do prefeito de Itaguaí ter dito “provamos que essa área toda é nossa, esse imposto tem que ser nosso”, a decisão judicial do dia 1º é provisória e cabe recurso para derrubar a liminar. Portanto, não há uma solução para esse antigo impasse. É fato que Seropédica, por enquanto, deixa de receber o imposto, mas o processo segue seu curso ainda sem uma decisão final e Itaguaí ainda não está recebendo os valores, e ninguém pode dizer com certeza se irá.

Emancipação

A disputa pelo dinheiro do imposto da Ciclus, segundo contou o prefeito Rubem Vieira na live, motivou uma pesquisa que acendeu um pavio que deve ser bem curto: agora Itaguaí, pelo menos de acordo com o anúncio dito em viva voz pelo prefeito, vai querer o território de Seropédica de volta.

A área que hoje faz parte do município de Seropédica já fez parte de Itaguaí. Só que a partir da aprovação e promulgação da Lei estadual 2446, de 1995, Seropédica passou a ser uma cidade, e Itaguaí, outra.

Desde então, os limites entre os municípios foram alvo de uma discussão que parece não ter fim. A movimentação processual se intensificou há cerca de 20 anos, especialmente em relação à área que compreende parte do Chaperó, Santa Rosa e Piranema.

A disputa por essas terras produz uma confusão ainda não resolvida que afeta quem mora ali. Há dificuldade em relação aos endereços, o que interfere em entregas do correio e pagamento de IPTU, por exemplo. Tem gente que não consegue afirmar com certeza em qual município mora.

Com a instalação do Aterro Sanitário, a disputa se acirrou, evidentemente, pelo interesse nos impostos que a Ciclus paga a Seropédica.

Mas o prefeito Rubem Vieira surpreendeu todo mundo ao dizer que há inconsistências no processo de emancipação do município vizinho e que vai brigar para anexar de volta o território que já foi de Itaguaí.

O Procurador-geral Thiago Morani confirmou a intenção de ajuizar uma ação nesse sentido, e disse que a inconstitucionalidade do processo já foi reconhecida na Justiça.

Vereador rebate

O vereador de Seropédica, Max Goulart, divulgou um vídeo que tem circulado pelas redes sociais.

Max Goulart, vereador de Seropédica, apresentou argumentos jurídicos e disse que Rubem Vieira fez “fake news” (Reprodução internet)

Nele, o parlamentar rebate o prefeito Rubem Vieira: “Senhor prefeito, pare de lançar fake news, não é possível modificar os efeitos da lei 2446 de 1995. Essa lei de emancipação foi promulgada antes de 31 de dezembro de 2006, e o STF validou todos esses atos com a emenda constitucional número 57, de 2008. Os municípios criados antes de 2006 foram confirmados por essa emenda. O senhor deveria ter mais prudência e mais responsabilidade na hora de lançar um fake e criar instabilidade entre os dois municípios”.

E Goulart finalizou: “Seropédica jamais voltará a ser distrito de Itaguaí”.

Assista o vídeo em que o vereador garante que o território de Seropédica não voltará a pertencer a Itaguaí:

Política

Rubem Vieira entrou numa disputa até então pacificada pela lei de 1995, e a repercussão certamente agita a política local. Há que se considerar, pelo menos em hipótese, que Itaguaí quer dissolver a estrutura política municipal de Seropédica, ou seja, Prefeitura e Câmara deixariam de existir, todos os mandatos dos políticos do legislativo e do executivo seriam declarados inválidos.

Todos os processos judiciais e administrativos seriam transferidos para Itaguaí, os endereços teriam que ser modificados. Todas as empresas estabelecidas na cidade de Seropédica deveriam tomar providências – inclusive legais – para se submeterem aos impostos de Itaguaí.

Também Itaguaí se tornaria responsável por um território muito maior e os cidadãos seropedicenses nascidos em Seropédica passariam a ser itaguaienses. Todo mundo ia ter que ajustar os documentos. Certidões de casamento, escritura de imóveis e qualquer tipo de documento teria que ser refeito.

Ou seja, uma verdadeira revolução na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Vieira pareceu bem determinado na live. Caberá então à Justiça bater o martelo.

Jupy Junior

Jupy Junior é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) com Mestrado em Comunicação pela mesma instituição. Atuou em diversas empresas jornalísticas e como assessor de imprensa. Recebeu o título de cidadão itaguaiense, concedido pela Câmara Municipal de Itaguaí, em 2012. Lecionou em cursos de graduação em Comunicação Social nas Universidade Estácio de Sá (UNESA) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Foi subsecretário de Comunicação Social e Eventos na Prefeitura Municipal de Mangaratiba em 2016. Atuou como Editor Executivo do Jornal Atual entre 2012 e 2015 e é Diretor de Jornalismo do Jornal Atual desde 2021.

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