Estação de Tratamento de Água do Guandu passa por pente-fino
A convite do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaema/MPRJ), diretores do Comitê Guandu-RJ estiveram na ETA-Guandu, Estação de Tratamento de Água da Cedae responsável pelo abastecimento de 80% da Região Metropolitana, com objetivo de acompanhar a fiscalização e coleta de amostras no processo de tratamento de água na maior estação de tratamento do mundo. A ação partiu das denúncias de usuários que relataram cor ou odor na água. Representantes da Secretaria Estadual de Ambiente e Saneamento, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), das vigilâncias sanitárias estadual e municipal, Agencia Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro, da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro também participaram da vistoria.
Os técnicos foram recebidas pela gerência da ETA e seus analistas de qualidade. Segundo Gisela Pequeno, promotora do Gaema que presidiu a diligência, a atuação é uma ação conjunta que busca soluções e respostas à sociedade. Após algumas explicações sobre o processo de tratamento, o grupo visitou pontos estratégicos da ETA onde fizeram as coletas para análises entre a captação no leito do Rio Guandu, laboratório, no ponto de captação oficial e no reservatório Marapicu, de onde a água entra nas adutoras e é distribuída à população. “Mesmo o tratamento de água e a distribuição não sendo de atuação do Comitê, o colegiado tem grande preocupação com o abastecimento público, causa primária de nossa ação nas águas brutas. Conhecemos as dificuldades e por isso viemos entender, somar e principalmente buscar soluções junto aos órgãos responsáveis para garantir a qualidade da água que chega à casa das pessoas”, explicou Paulo de Tarso, Diretor Geral do Comitê Guandu-RJ.
Problemas foram denunciados no início do ano
Os relatos de problemas começaram na sexta-feira, dia 3 de janeiro. Desde então a Cedae e órgãos de fiscalização do Rio de Janeiro se movimentam para encontrar qual sua origem. Testes realizados pela Cedae e pela Vigilância Sanitária entre os dias 6 e 9 de janeiro não apresentaram alterações nos parâmetros estabelecidos pela portaria de consolidação do Ministério da Saúde, relativo aos padrões da qualidade da água potável.
Após investigação, a Cedae afirmou que uma substância chamada geosmina está mudando a cor da água em várias regiões do Rio. Segundo a companhia, trata-se de uma substância orgânica produzida por algas e que não representa nenhum risco à saúde dos consumidores, mesmo alterando o gosto e o cheiro da água. Para reter a geosmina, a Cedae prometeu adotar em caráter permanente a aplicação de carvão ativado pulverizado. Esse método vem sendo utilizado em estados como São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o problema tem maior recorrência.
O resultado das análises do laboratório da Gerência de Qualidade de Águas do Inea sai em 15 dias, mesmo tempo estipulado pela CAF Química, laboratório designado pelo MPRJ para analisar as amostras. As vigilâncias sanitárias estadual e municipal do Rio de Janeiro, e também a FioCruz, informaram que em até cinco dias terão o resultado. Promotor do Gaema, José Alexandre Maximino afirmou que o MPRJ vai analisar o resultado dos testes, fazer os diagnósticos de acordo com os laudos e construir uma matriz de responsabilidade com o objetivo de integrar ações na melhoria da qualidade da água da população do Rio. O Gaema/MPRJ também recomendou à presidência da Cedae, na segunda-feira (13), uma ampla transparência e publicidade dos laudos de potabilidade da água, em especial, os produzidos desde o primeiro dia do ano.