À beira da ruína, Igreja Matriz de São Francisco Xavier precisa de recursos urgentemente
URGÊNCIA A Igreja Matriz de São Francisco Xavier corre o risco de ruir por completo a qualquer momento, devido à instabilidade estrutural causada por intervenções errôneas realizadas recentemente. O mais antigo e principal patrimônio arquitetônico de Itaguaí, que em 2018 registrou 300 anos do início da sua construção – a obra da igreja durou 11 anos e foi inaugurada em 1729 –, está com o arco principal indicando ruína iminente e sua fachada e a parede lateral direita estão tombando.
Segundo o engenheiro Jack dos Santos, que identificou o problema e assumiu a coordenação do projeto de estabilização da igreja, a estrutura do prédio “se encontra em um estado deplorável” e requer obra emergencial para estabilizá-lo evitando, assim, a completa ruína do patrimônio histórico da cidade, que foi, inclusive, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), no ano de 2005.
Segundo o engenheiro Jack dos Santos, o que mais preocupa no momento é sua estabilidade estrutural. Ele estima que são necessários R$ 400 mil para a execução das obras. “Isso é para que o todo não venha à ruína”, destaca. Ainda de acordo com o Jack, outros R$ 200 mil precisam ser gastos na preparação do projeto de restauro, de modo a enquadrá-lo na Lei de Incentivo à Cultura (antiga Lei Rouanet), que permite a captação de recursos junto a empresas e pessoas físicas, que podem deduzir no Importo de Renda o valor doado para a restauração.
Para o bispo Dom José Ubiratan, a construção em Itaguaí representa mais que um símbolo religioso da Igreja Católica. “É um patrimônio de Itaguaí, que ao longo de seus 300 anos foi testemunha da evolução histórica da cidade”, acrescenta. Dom Ubiratan destaca que nela foi realizada a primeira missa da aclamação de D. Pedro I como imperador do Brasil.
Campanha de doação para o restauro
A Mitra Diocesana de Itaguaí está lançando uma campanha destinada a angariar fundos para a reforma da Igreja Matriz, iniciativa que conta com o apoio de instituições como o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, a Maçonaria, a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Itaguaí, e de empresas como a Unimed Costa Verde, a Esau Engenharia e a Fagulha Agência de Marketing, que vai promover uma campanha de sensibilização sobre a importância da preservação do patrimônio histórico de Itaguaí.
Segundo Dom Ubiratan, as contribuições poderão ser abatidas no Imposto de Renda, mediante recibo emitido pela Mitra Diocesana de Itaguaí. A meta inicial são os R$ 600 mil para a reforma e o projeto de restauro. Estima-se que o valor total da restauração fique em torno de R$ 4 milhões.
Quem quiser participar desta campanha pode contactardiretamente o engenheiro Jack dos Santos, através do telefone (021) 997-493–229 ou pelo email eng.jackg@gmail.com. Já o bispo Dom Ubiratan Lopes pode ser acionado através do telefone (021) 998–899–717.
Da história da Igreja São Francisco Xavier
A igreja cuja construção começou em 17 de maio de 1718 e foi concluída em 3 de dezembro de 1729, sofreu, em toda a sua história, diversas reformas que descaracterizaram a feição original. Ela se tornou matriz e depois a catedral quando Itaguaí, já como cidade, é elevada à condição de diocese. A Igreja de São Francisco Xavier perde a condição de Sé com a construção da nova catedral, em 1970.
Construção de pedra e cal, com grossas paredes, apresenta características do colonial brasileiro de herança portuguesa. A fachada principal apresenta porta original de folha dupla e almofadada, acima, na altura do coro, há duas janelas e coroando a fachada um frontão triangular com um óculo central encimado por uma cruz de madeira, na lateral direita torre com duas janelas, cúpula e dois sinos, um decorado com a Cruz Latina e outro com símbolo eucarístico. À direita da entrada principal temos o batistério, onde havia uma tela, guardada no Patronato São José, representando o batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo, assinada por Pinto, em 10 de maio de 1961. A pia batismal foi retirada e encontra-se em outro local da igreja. Deve ser a original e é provavelmente de arenito e datada de 1688. Do lado esquerdo da nave há um púlpito com decoração em relevo.
Ao final da nave há um grande arco de cantaria, ladeado por altares de madeira policromada e postos em diagonal, onde em um deles, repousa a imagem em madeira de Nossa Senhora do Rosário. O acesso ao altar-mor é feito por uma escada de três degraus, também de pedra.
O altar-mor é de madeira policromada, com quatro colunas jônicas e o sacrário. No centro do altar há uma porta para dentro que dá em outra porta à esquerda com uma escada para debaixo do altar, local para sepultamentos, onde, entre outros, jazem o restos mortais do primeiro capitão-mor de Itaguaí, José Pires Tavares; e da Condessa de Itaguaí, Anna Brasília Dias Pavão. Do lado direito do altar-mor acha-se a sacristia, com mobiliário do início do século XX.