Vereadores cassam Charlinho e Abeilardinho
JUSTIÇA FEITA Depois de escapar de três Comissões Especiais Processantes, o prefeito Carlo Busatto Junior, o Charlinho (MDB), viu o seu mandato ruir durante a Sessão Especial de Julgamento do parecer final da Comissão Especial Processante (CEP 004/2019), que teve início às 18h de quinta-feira (5), na Câmara Municipal de Itaguaí (CMI). Acusados de nepotismo, Charlinho, em votação secreta, se viu com 13 votos favoráveis a cassação e quatro contrários, enquanto Abeilard Goulart de Souza, o Abeilardinho recebeu 15 votos a 2 dos vereadores. Com a decisão, assume a prefeitura ainda nesta sexta o presidente da Câmara Rubem Vieira.
A sessão de julgamento durou mais de 15 horas porque a defesa do prefeito solicitou a leitura completa do mrelatório que continha cerca de 1.100 páginas. O presidente da CEP, vereador Willian Cezar (PSB) revezou a leitura do priocesso com o relator Gil Torres (PODEMOS). A aprovação da cassação do prefeito e do vice só foi conhecida na manhã desta sexta-feira (6), por volta das 8h35. O primeiro a ser cassado foi o vice-prefeito Abelardinho. Em seguida, os vereadores iniciaram a votação e o resultado final foi a cassação também do prefeito Charlinho.
A CEP investigou supostos casos de nepotismo na Prefeitura de Itaguaí com envolvimento do prefeito Charlinho e de seu vice Abeilardinho. A denúncia contra os dois foi recebida no fim de 2019 na CMI. No documento havia informações detalhadas como nomes dos envolvidos, relações de parentesco, nomeações, exonerações e vencimentos. Foram citadas mais de 60 pessoas no processo.
Antes que o público ocupasse assistência do plenário para acompanhar a votação final da CEP, o prefeito Charlinho ocupou um lugar na mesa diretora ao lado do seu advogado de defesa, o procurador jurídico, Alexandre Oberg Kuwada Ferraz. Entre anotações e burburinho ao pé do ouvido com o seu advogado, Charlinho demonstrava um semblante de preocupação a cada denúncia feita pelo relator. Porém, o seu pronunciamento e a defesa do seu advogado não convenceram nem os vereadores aliados. Ao fim da votação, dessa vez não teve como escapar do impeachment.
A denúncia recebida pela comissão apontou que os custos aos cofres públicos dos vencimentos dos familiares nomeados chegam a mais de meio milhão de reais ao mês, totalizando quase 7 milhões de reais ao ano e cita obras públicas paradas que poderiam ser concluídas com o montante gasto para o pagamento de vencimentos de familiares dos denunciados.
Durante 90 dias de investigação a comissão realizou oitivas de testemunhas e analisou as provas apresentadas. O material gerou um relatório de seis volumes que foi lido e votado pelo plenário da Câmara Municipal de Itaguaí. Com o afastamento do prefeito Charlinho e do seu vice Abelardinho, quem assume a prefeitura é o presidente da CMI, Rubem Viera de Souza (Podemos), que deve ficar no cargo até 31 de dezembro.
QUATRO SUPLENTES ASSUMEM
Quatro suplentes foram convocados para assumir a função de vereador para ocuparem os lugares de Reinaldo do Frigorífico (PR) e Haroldinho Jesus (PSDB), que também estão envolvidos diretamente na denúncia, do vereador Waldemar Ávila (PHS), que apesar de ser oposição ao governo é cunhado de Abeilardinho, e do presidente da Casa, Rubem Viera, que se beneficiaria com a decisão caso confirmasse a cassação, pois cabe ao presidente da Câmara assumir a prefeitura no caso do afastamento do prefeito e do vice.
O vereador Fabinho Rocha (PV) também foi denunciado na CEP, mas atualmente está licenciado da Câmara por exercer a função de secretário. O dia na Câmara de Vereadores começou às 17h com a posse dos suplentes Juninho Assis (PSDB), no lugar de Haroldinho, Ronei Reis (PR), no lugar de Reinaldo do Frigorífico, Jocimar do Cartório (PHS), no lugar de Waldemar e Valtinho Almeida (PTN), no lugar de Rubem.
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SAIBA MAIS SOBRE A CEP
A Câmara de Itaguaí aprovou o recebimento da denúncia contra o prefeito o Charlinho e o vice Abeilardinho, no dia 5 de dezembro, por seis votos favoráveis e cinco contrários. A decisão deu origem à abertura da quarta Comissão Especial Processante (CEP) contra o prefeito em 2019. O pedido de abertura de CEP foi protocolado no dia 26 de novembro pela servidora municipal Hellen Oliveira Senna, que é dirigente do Movimento Unificado dos Servidores de Itaguaí e do Sindicato Municipal dos Servidores da Saúde, com base em reportagem noticiada pela TV Globo. De acordo com a denúncia, que conta com mais de 100 páginas, há dezenas de pessoas envolvidas na prática de nepotismo na Prefeitura de Itaguaí.