Drones são destaque em esquema de segurança da Ternium
Imagine ter que proteger uma área de nove quilômetros quadrados da ação de vândalos e invasores, e, além disso, monitorar um terreno desse tamanho para tomar conhecimento rapidamente de algum incêndio ou problema ambiental. Para ser eficaz é necessário ser tecnológico: é o que parece confirmar a siderúrgica Ternium, que fica praticamente na divisa entre Santa Cruz e Itaguaí. Há pouco tempo a empresa divulgou seus investimentos em segurança e demonstrou que os drones são equipamentos fundamentais em um contexto de segurança das indústrias 4.0, ou seja, aquelas em que tecnologia está a serviço da melhoria da eficiência e da produtividade dos processos.
A Ternium é a maior produtora de aço da América Latina. Nos últimos anos, a empresa investiu R$ 11 bilhões no país com a compra de participação no grupo de controle da Usiminas e com a aquisição da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em 2017. O Centro industrial de Santa Cruz tem capacidade de produzir cinco milhões de toneladas de placas de aço por ano que atendem indústrias automotiva, óleo e gás e linha branca. Com 80% de sua produção destinada ao mercado internacional, a siderúrgica é a maior exportadora da cidade.
A empresa emprega oito mil funcionários, muitos deles de Itaguaí e de Santa Cruz.
INVESTIMENTO EM SEGURANÇA
Recentemente, a empresa divulgou que segurança é uma das suas prioridades. Para tanto, investe por ano cerca de R$ 50 milhões em alta tecnologia.
Isto ocorre em um contexto de “Indústria 4.0”, uma espécie de conceito que perpassa a ideia de que determinados processos podem ser mais ágeis e eficazes caso se empregue soluções tecnológicas adequadas. Faz parte deste contexto, por exemplo, os comandos e controles a distância, realizados de forma remota, uso de dados para análises mais rigorosas, uso de robôs e inteligência artificial.
O conceito é amplo, mas significa, em termos mais essenciais, usar a tecnologia a favor do trabalho. É aí que entram os drones, que fazem um duplo trabalho na empresa.
MENOS CUSTOS
Os drones são ferramentas fundamentais na indústria 4.0 e têm desempenhado um papel importante na melhoria da segurança operacional da Ternium. Os voos ajudam a evitar incidentes, além de reduzir custos de operações de inspeção. Apenas na inspeção nos telhados da usina, o uso de drones reduziu os custos em R$ 200 mil.
Com o uso do equipamento, a empresa, que vistoriava 69 estruturas, passou a 250. E pretende chegar a 1.920 voos até o fim do ano, 60% a mais que em 2020.
Graças às facilidades que os aparelhos proporcionam, com voos de rotina e inspeção diários, os operadores de diversos setores conseguiram transformar ações reativas em preventivas e com um custo menor. Antes, para inspecionar um telhado, era preciso alugar andaimes, esperar a montagem e contratar um funcionário especializado. Agora, com os aparelhos, isso não é mais necessário.
MAIS DE 1,5 MIL VOOS
Fernando Carrizo, Diretor de Tecnologia da Informação da Ternium, conta que os drones já ajudaram a evitar mais de 10 incidentes de segurança operacional na empresa. “Os benefícios e resultados são excelentes. Vamos aumentar o número de voos em 60% e pretendemos chegar a 1.920 voos até o fim do ano. Realizamos 1.500 voos entre janeiro e outubro de 2021”, enumera ele.
Carrizo também conta que que equipes realizam estudos e testes para que os drones também possam atuar em espaços confinados para aumentar a segurança dos colaboradores. Além disso, outros estudos em andamento são para que os drones consigam medir a espessura de estruturas e, assim, avaliar a integridade e a necessidade de uma intervenção.
Para quem não conhece a planta gigantesca do empreendimento talvez fique difícil mensurar. Nesse sentido, os drones cobrem uma área muito mais vasta do que uma equipe de humanos seria capaz de fazer. “Utilizamos drones em locais de difícil acesso, como telhados e espaços confinados. Os drones também possibilitam uma visão macro e mais ágil de toda a usina. O mangue protegido pela Ternium é uma das áreas onde sempre voamos com nossos drones, assim podemos melhor monitorar a fauna e a flora da área, que possui 160 hectares”.
ESPAÇO AÉREO
É necessário, porém, um certo cuidado com as operações que envolvem os drones, porque em Santa Cruz há uma importante base da Aeronáutica, praticamente vizinha da siderúrgica.
“Estamos em contato constante com a Base Aérea para informar nossas operações aéreas. Seguimos toda regulamentação da Anac e trabalhamos apenas com fornecedores certificados, treinados e habilitados. Temos um número limite de voos por dia e cada operação é registrada no site Sarpas (Solicitação de Acesso de Aeronaves Remotamente Pilotadas)”, explica Carrizo. No começo das operações com os drones (são cinco ou seis modelos, o uso varia, de acordo com a função e área a sofrer a inspeção), a empresa resolveu treinar funcionários de acordo com as regulamentações dos órgãos fiscalizadores. Mas, como a intensificação dos voos decidiu-se contratar fornecedores especializados e certificados pela Anac.