Militares participam de Treinamento Pré-Antártico na Ilha da Marambaia
INSTRUÇÕES Seguindo as normas de restrições de combate ao novo coronavírus, 40 militares da Marinha do Brasil participam do Treinamento Pré-Antártico (TPA), realizado pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, no Centro de Avalição da Ilha da Marambaia (Cadim). Dos 40 militares, apenas 16 serão selecionados para integrar o grupo-base que guarnece a Estação Brasileira de Pesquisas Comandante Ferraz (EBPCF), na Antártica. A primeira etapa do TPA teve início no período de 3 a 7 de agosto e a segunda etapa, ainda em andamento, ocorre de 17 a 21 agosto.
Este ano, por conta da covid-19, o TPA não conta com pesquisadores civis, apenas militares. Os selecionados seguirão para o continente gelado apenas em outubro de 2021. Para saber um pouco mais sobre o treinamento, o Atual esteve nas instalações do Cadim, acompanhando de perto uma parte da segunda etapa. A realização de uma expedição no polo sul exige muito mais do que uma análise de projeto. Há exigências específicas de conduta, que fogem da realidade vivida nos trópicos. O TPA é uma delas, envolvendo apresentação de conhecimentos teóricos e avaliações de adaptabilidade e capacidade física com o objetivo de qualificar os participantes para serviço na Antártica.
Ao Atual, o subsecretário do Programa Antártico Brasileiro da Secretaria Interministerial para Recursos Humanos, capitão de Mar e Guerra (FN) Marcelo Gomes, disse que por conta da pandemia do novo coronavírus, tanto na primeira, quanto na segunda etapa do treinamento houve uma severa avaliação dos participantes por parte da Fiocruz, com a testagem dos candidatos. A redução do número de participantes em relação aos anos anteriores objetivou dar segurança ao militares. O capitão Marcelo Gomes acrescentou que o processo de seleção começou com 350 militares, foi reduzido para 100 até chegar aos 40 que participam do TPA. “O processo consiste em exames psicológicos e de saúde, além da parte prática realizada no Cadim. O TPA tem o objetivo de selecionar os 16 militares que vão integrar o grupo-base da EBPCF, além de realizar a preparação técnica dos militares para participar, com segurança e eficiência, da próxima Operação Antártica. Os selecionados passam por uma bateria de testes psicotécnicos e físicos, seguidos por treinamentos de extremo perigo e sobrevivência no mar e no frio. Ao final de todas as fases previstas, os 16 estarão aptos para atuarem no Continente Antártico”, explicou.
Para que o TPA pudesse ocorrer, o capitão Marcelo Gomes disse que foi necessária uma operação logística envolvendo transporte de material e pessoal para o Cadim. Segundo ele, os militares são oriundos de vários estados do país. “Essa também foi uma grande preocupação na hora de concentrar eles aqui no Cadim, caso algum deles tivesse testado positivo e inserindo aqui na ilha. São militares da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio Grande do Norte e do Ceará. Os 40 militares, divididos em dois grupos, participam de atividades pela manhã e à tarde”, ressaltou.
“Marambaia é ideal para os treinamentos”, diz oficial
Para o capitão Marcelo Gomes, que realiza o TPA há mais de 10 anos na Ilha da Marambaia, as instalações do Cadim são adequadas. Além de sua beleza natural, o local é propício para os treinamentos que são pré-requisitos para todos os que pretendem exercer atividades na Antártica. “A gente tenta aqui aproximar as condições que os candidatos vão encontrar lá na EBPCF. A questão do isolamento, a dificuldade na comunicação e a exposição ao ambiente, que te cobra muito fisicamente. Por isso, temos a colaboração dos profissionais do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), que submetem os candidatos a um esforço físico controlado”, destacou o capitão, agradecendo ao comandante do Cadim, capitão de Mar e Guerra (FN), André Duarte Canellas, pelo apoio na logística e acomodação dos militares.
De acordo com capitão Marcelo Gomes, após a conclusão do processo seletivo, no ano seguinte os selecionados passam por um período de capacitação técnica, realizando diversos cursos, sendo alguns em comum a todos e outros específicos da área de cada um. Também ocorre uma longa preparação de toda a logística necessária em termos de materiais de consumo e materiais permanentes que serão utilizados no período em que o grupo estiver efetivamente na Antártica. “Por volta do mês de outubro do mesmo ano, o grupo-base é, então, enviado. São muitas as atividades desenvolvidas pelo grupo-base. Muitas envolvem a parte de logística que chega por meio dos navios Ary Rongel e Almirante Maximiano, durante o verão; e através do lançamento de carga de aeronaves, com apoio da FAB, durante o inverno”, concluiu.
O TPA conta ainda com participação do capitão de Mar e Guerra (RM1-FN) Ricardo Parpagnoli Neto, o responsável pelo treinamento e pela seleção do grupo-base; além de quatro psicólogas da Marinha do Brasil, que também fazem parte da avaliação dos candidatos durante os treinamentos.
Função dos membros do grupo-base
Os 16 selecionados que vão substituir a guarnição do grupo-base nas funções de chefe, subchefe, encarregado de serviços gerais, médico, enfermeiro, fiel de embarcações, encarregado de embarcações, mergulhadores, cozinheiro, eletricista, ajudante do encarregado de eletricidade, encarregado de viaturas, ajudante do encarregado de viaturas, encarregado de motores e lancha, encarregado de eletrônica e encarregado de comunicações.
O grupo-base é responsável por cuidar e preservar a funcionalidade de todas as instalações da EBPCF. Coordena e participa da arrumação e limpeza de todos os compartimentos. Garante o funcionamento permanente dos geradores de energia elétrica, através de manutenção dos equipamentos, bem como do delicado processo de abastecimento e transporte de combustível. Esse processo envolve a transferência de óleo trazido pelos navios, sendo esse combustível armazenado no parque de tanques da estação. Grande esforço é desprendido durante o verão para a conclusão dessa tarefa.
A Nova Estação Comandante Ferraz
As novas edificações da EBPCF, inauguradas no dia 15 de janeiro de 2020, estendem-se por uma área de estimados 4.500 m² dividida em seis setores distintos: privativo, social, serviços, operação/manutenção, laboratórios e módulos isolados. São 17 laboratórios projetados para atender a uma multiplicidade de exigências, denotando a prioridade do PROANTAR para as atividades científicas. A técnica construtiva foi desenvolvida a partir dos estudos realizados em outras edificações antárticas, considerando as condicionantes da Península Keller e da logística do PROANTAR. Assim, a estratégia foi buscar a máxima repetição dos componentes construtivos visando à racionalização dos processos de fabricação consequentemente à redução do tempo de montagem e custos de manutenção.