Dia de Finados: floriculturas têm expectativa baixa para o feriado
Assim como lojas de chocolate e de roupa entram em alvoroço às vésperas da Páscoa e do Natal, respectivamente, o mesmo poderia acontecer com as floriculturas antes da chegada do Dia de Finados. Mas não acontece mais. Em contato com comerciantes do setor em Itaguaí, Mangaratiba e Seropédica, o ATUAL constatou um sentimento único: o de pessimismo quanto às vendas para o feriado neste ano. Já as razões para tal expectativa e as ações para esta quarta-feira (2) são diferentes.

Apesar do aquecimento no comércio e na economia que o fim da fase mais dramática da pandemia proporcionou – algo que não houve nos últimos dois anos –, Paula Fernandes, da Pantanal Flores, no Centro de Itaguaí, não se anima. Mesmo considerando o número aproximado de 100 dúzias vendidas em 2021 abaixo da média, ela não se convence de que deverá superar a marca em 2022.
A essa queda na procura por flores como forma de homenagear quem já se foi, ela atribui o fato de as novas gerações não terem dado continuidade à tradição: “Mudança de costumes mesmo. Nossos clientes antigos, de muitos anos, frequentavam todo ano. Mas essas pessoas foram falecendo, e as mais novas, no caso os filhos, não adquiriram o hábito. Falo isso com base nas pessoas que conheci e conheço hoje”.
Até mesmo pela baixa expectativa, Paula Fernandes vai adotar mudanças nas táticas de venda. A começar pelo estoque de flores, que vai diminuir para que se evite muitas perdas: “Ano passado sobrou muita coisa”, lembra a comerciante.
PONTOS DE VENDA
Outra modificação tem relação com os tradicionais postos de venda montados nas portas dos cemitérios a fim de facilitar a vida de quem quer comprar – além, é claro, de impulsionar as vendas. Mas como o pensamento é de que 2022 não deve render, ela avisa que vai montar ponto só no Cemitério São Francisco Xavier, o de mais movimento, e deixar a loja aberta somente até às 14h.
Já Simone Almeida, gerente da Nanda Flores, também no centro itaguaiense, vai além: “Não temos expectativa nenhuma. Inclusive, a gente costumava botar flores na porta do cemitério, para maior comodidade do cliente, mas não vamos fazer isso neste ano”, garante a profissional, sem saber encontrar um motivo específico para o movimento fraco: “Não sei se é por crença, mas as pessoas estão deixando esse hábito para trás”.
HÁBITO CATÓLICO
Se Simone não tem certeza se a religião se correlacona com a baixa procura por flores no feriado de Finados, Mariela Silvério já é mais categórica: “Uma das razões, a gente acredita, é que o público evangélico aumentou muito nos últimos anos. E esse é um costume católico”, observa a proprietária da Natural Flores Delivery, no Centro de Seropédica.
Entretanto, mesmo sem esperar muitas vendas, ela garante que vai colocar o posto de venda na porta do Cemitério Santa Sofia, o único do município: “Ainda temos os clientes mais antigos, que já vão direto para comprar as flores. Então, pelo compromisso com eles, vamos fazer o ponto, sim”, assegura Mariela, sendo mais ponderada em relação ao estoque: “Não vamos comprar muito, porque são materiais perecíveis, e depois temos que jogar o que sobra”.
‘DIA DAS MÃES É MELHOR’
Em Mangaratiba, Leandro Nemeczyc é proprietário de três floriculturas: a Horto SOS Plantas, em Muriqui; a Ateliê das Cestas, no Centro do 1º Distrito; e a Garden Nemeczyc, na Rio-Santos, altura de Coroa Grande. Ao dizer que não “conta com Finados para nada”, ele prefere pensar em outras datas tradicionais: “Nem compro estoque especial. Já comprei e perdi. Dia das Mães, por exemplo, é bem melhor”.
CEMITÉRIOS
A reportagem entrou em contato também com os municípios que administram os respectivos cemitérios a fim de saber sobre expectativas e programação. Seropédica não retornou nosso pedido até o fechamento desta matéria.
Em Itaguaí, Renan Hiraoka, diretor de assuntos funerários, disse esperar mais movimento nos três cemitérios da cidade – Cemitério Padre Cezare Vigezzi, também conhecido como Cemitério do Sase, no Centro; Cemitério São Francisco Xavier, também no Centro; e Cemitério da Carioca, na Serra do Matoso.

Ele, no entanto, não soube traçar uma estimativa de quantos visitantes devem comparecer aos três espaços. Sobre a programação, Hiraoka informou que haverá espaços para que igrejas realizem encontros para oferecer uma palavra de conforto aos visitantes.
Já em Mangaratiba, a expectativa é a de que 1.200 pessoas passem pelos cemitérios de Itacuruçá, Praia do Saco e Conceição de Jacareí – 200 a mais do que no ano passado.
Segundo a Secretaria de Serviços Públicos, antes do feriado, a prefeitura realizou uma série de melhorias nos espaços, que inclui capina, limpeza, pinturas e revitalização de capelas.
Não haverá programação especial nos três espaços, que vão receber o público entre 7h e 17h