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Movimento do Povo ocupa terra da Petrobras em Itaguaí

O Movimento do Povo ocupou no início da manhã deste sábado (1º) parte da área pertencente à Petrobras em Itaguaí, na entrada da cidade, com a participação inicial de cerca de 300 pessoas, que demarcaram seus lotes onde montam suas barracas improvisadas. A expectativa dos líderes do movimento é que esse número de pessoas assentadas ultrapasse a 1.200 ao longo da semana. Organizado pelo Whatsapp, nos últimos dois meses já arregimentou 1.500 pessoas, divididas em seis grupos, compostas, na sua maioria, por famílias sem moradia da Zona Oeste do município do Rio, de outras regiões do estado e de Itaguaí. O movimento conta com ajuda de outros movimentos sociais e com a sensibilização das pessoas. No local, improvisaram uma cozinha, abastecida pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindpetro NF), que também está oferecendo água portável, máscara facial, álcool e lonas para a montagem das barracas.

COZINHA improvisada no assentamento

 

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Chamado pelos organizadores como “Acampamento de Refugiados  Primeiro de Maio”, a ocupação é ao mesmo tempo um ato de protesto contra a falta de moradia, comida e vacina bem como contra a política de combustível adotada na Petrobras, por isso o movimento escolheu o terreno ocioso, que no passado teria sido destinado a empreendimentos como o Polo Petroquímico e a Zona de Processamento e Exportação que nunca fora realizados. Foi o que afirmou Alessandro Trindade, do Sindpetro NF, que está apoiando a ocupação. O líder sindical disse que a ocupação se justiça por se tratar de um terreno da União: “entende que, como aqui é uma terra da União é uma terra do povo, ao invés do povo morar na rua, vamos dar comida e ter a terra. É uma forma de mostrar para a sociedade a importância da Petrobras e a política que o governo está implementando de combustíveis”. Alessandro argumenta que a Petrobras reduziu a carga de processamento nas refinarias e que a empresa estaria importando gás, gasolina e diesel, ocasionado, com isso, reflexo de reajustes semanalmente. “Quem estaria lucrando são os acionistas e quem está pagando a conta é a classe operária, o trabalhador. Muita gente (nessa crise) está cozinhando na lenha, na madeira, no álcool”, argumenta o representante do sindicato.

CERCA DE 300 pessoas ocuparam o terreno

Um dos coordenadores do Movimento do Povo, Eduardo Novaes chama a atenção para o problema da moradia no país agravado pela pandemia que deixou muitas famílias sem ter onde morar por falta de renda: “Muita gente teve que entregar sua casa por não poder pagar o aluguel, como aconteceu na minha família. Tem muita gente que teve que entregar (sua casa), fico imaginando isso: chefe de família está pegando sua família e indo pra rua”, destaca. Para Eduardo, a ocupação foi a única forma que viu para ajudar quem está necessitando de moradia.

Fernando Lanchinho, também líder do Movimento, disse que esse é o maior ato no Brasil presencial no dia primeiro de maio e explica que a denominação refugiado se dá porque as pessoas são refugiadas da fome, da pandemia: “fica em casa? Beleza, mas se você não tiver casa, você não tem como ficar em casa, pois não tem habitação”. Lanchinho aponta que as famílias, por conta dessa crise, estão se aglomerando em pequenas moradias, e cita que numa pequena quitinete chegam a morar mais de 10 pessoas.

Alessandro (E) do Sindipetro NF e os líderes no Movimento do Povo, Fernando e Eduardo

 

 

Érick destaca “nós queremos ficar em casa e para ficar em casa, primeiro você tem que ter a casa”,

Outro organizador do Movimento do Povo, Erick Vermelho disse que enviou um pedido à Organização das Nações Unidas (ONU) para Assuntos Refugiados requerimento para qualificar  a ocupação como um centro de refugiados, argumentando que essas pessoas são “refugiadas da pandemia, do genocídio, da fome, do desemprego, da miséria”. Disse que o Brasil é o epicentro da pandemia e classificou esse momento como sendo o de uma catástrofe humanada: “Existe um genocida aí, é o Bolsonaro. A gente está trabalhando para que o povo tenha refúgio. Se existe o papo de ‘fica em casa’, ele tem que dar casa para o povo poder ficar. Essa casa, mais precária e humilde que seja, nos possibilita o isolamento social. Coisa que uma casa de 40 metros quadrados com três, quatro famílias dentro, é a própria cova, porque uma pessoa que sai trás uma cepa dessa aí violenta e mata o resto, inclusive mulheres, crianças e idosos”. Erick descreve a ocupação como um ato de o povo fugir do que classificou como genocídio, sendo a oportunidade de conseguir isso através da moradia: “É nossa oportunidade de ir a favor do que a sociedade está pregando: fique em casa! E nós queremos ficar em casa e para ficar em casa, primeiro você tem que ter a casa”, destaca.

 

Para Erick Vermelho, a ocupação é uma forma mais simples do povo se organizar. Diz que quem lidera o movimento é a necessidade, “porque as pessoas não viriam aqui se não precisassem. A questão aqui não é só moradia. A moradia é o resultado da falta de emprego”. Para o líder do movimento. “só se toma uma atitude dessas por desespero. Ninguém vem pra cá se tivesse uma situação mais confortável. As pessoas estão aqui por desespero”.

 

Em resposta a reportagem do Jornal Atual, a Petrobras, através da Gerência de Imprensa, disse que “confirma que o terreno pertence à companhia e que está adotando as medidas cabíveis para reintegração da área”.

 

 

Redação

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