Marinha pretende expandir instalações e parcerias do Prosub em Itaguaí

O Prosub – programa da Marinha do Brasil para a construção de cinco submarinos (um deles de propulsão nuclear) em Itaguaí – consumiu em duas fases, até o momento, R$ 40 bilhões, com mais R$ 4 bilhões que o governo vai custear até 2025. O programa teve início no primeiro mandato do presidente Lula e estabeleceu um acordo de transferência de tecnologia entre a França e o Brasil.  

A terceira fase vai consumir mais alguns bilhões, segundo o almirante de esquadra Petrônio Augusto de Aguiar, da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM). A diretoria mudou recentemente para São Paulo, o que gerou algumas dúvidas sobre a continuidade do programa em Itaguaí.

Publicidade

O almirante almoçou recentemente no Arsenal de Marinha com deputado federal Júlio Lopes (PP), que é presidente da Frente Parlamentar de Energia Nuclear do Congresso.

O deputado federal Júlio Lopes (à esq.) e o almirante Petrônio Aguiar conversam sobre os planos da Marinha do Brasil no Rio de Janeiro, em almoço recente: parlamentar questionou mudança de comando para SP, mas militar argumentou que alteração não vai afetar os investimentos (Divulgação do gabinete do deputado / foto de Henrique Freire)

O parlamentar questionou o motivo da mudança da autoridade naval do Rio de Janeiro para São Paulo. Em nota, o gabinete do deputado informou o seguinte. O almirante explicou que, como carioca, entendia a preocupação. Mas, em SP, havia apenas dois almirantes 4 estrelas e no RJ já eram quatro deles. Petrônio Aguiar, então, passou a ser o terceiro almirante com essa patente em SP, equilibrando, assim, o alto comando nos dois estados.

Outro motivo para a mudança foi a logística: o Centro de Aramar, responsável pelo processo de enriquecimento de urânio e onde está concentrado todo o desenvolvimento do Polo Nuclear da Marinha está em São Paulo.

Pelas palavras do deputado: “O almirante foi enfático em afirmar que essa é mais uma visão do alto comando do que propriamente uma questão da divisão da diretoria de engenharia da força; mas que em contrapartida eles já estão fazendo estudos para aumentar a fábrica de submarinos aqui no Rio, localizada no Parque Industrial do Complexo Naval de Itaguaí, onde será realizada uma enorme ampliação que irá superar, e muito,  a questão da mudança da diretoria de desenvolvimento tecnológico para São Paulo, pois a base operacional e o estaleiro continuarão no Rio e terão suas atividades expandidas – explicou.

Ideias e previsões

De acordo com a imprensa da capital paulista, a Marinha do Brasil tem tido algumas dificuldades com os seus programas, mas também se esforça para expandir alguns deles, como é o caso do Prosub em Itaguaí. Após a conclusão do submarino nuclear a Marinha avalia como se dará a continuidade do programa, e uma das ideias é investir na possibilidade de vender submarinos convencionais para países vizinhos na América do Sul.

O submarino nuclear vai receber o primeiro reator atômico projetado e construído no Brasil, cuja construção e montagem acontece no Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), em Iperó, no interior paulista. O chamado “Bloco 40” – prédio que vai abrigar o equipamento – está pronto. A previsão para o que o reator comece a funcionar é 2027.

O casco da embarcação, a exemplo dos demais submarinos, será construído em Itaguaí, logo depois da entrega do Angustura, em 2025, o último dos quatro de propulsão diesel-elétrica previstos no Prosub.

O almirante Petrônio Aguiar disse: “Neste 15º ano do Prosub, temos o estaleiro para os submarinos convencionais 100% pronto e a base naval para o futuro submarino convencionalmente armado de propulsão nuclear em construção”.

O almirante de esquadra Petrônio Aguiar conta que a Marinha tem muitos planos para os investimentos em Itaguaí (Reprodução Internet)

As obras em Itaguaí, ainda de acordo com o militar, estão de 75% a 80% concluídas: “Até o final do ano, o prédio do comando da força submarina e o prédio do comando da base de submarino estarão prontos. São dois prédios fundamentais. E, agora, como estamos chegando ao fim da fase do submarino convencional – o S-41 Humaitá está previsto para 2023, o S-42 Tonelero em 2024 e o S-43 Angustura em 2025 –, em dois anos passa a ser fundamental a negociação e o modelo de contrato para o submarino nuclear”, contou.

As negociações devem envolver as empresas do Prosub: a Naval Group (França), a Novonor e a Indústria de Construções Navais (ICN), que participam da construção dos submarinos convencionais e da base naval. Ainda segundo o almirante, o projeto vai além da construção do submarino e envolve o desenvolvimento do primeiro reator nuclear brasileiro com desenvolvimento de complexo de manutenção, diques apropriados e todo o aparato energético necessário para sua operação, tudo devidamente licenciado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Nova reunião

O deputado Júlio Lopes lembrou ainda que a Frente Parlamentar de Energia Nuclear e a Marinha estão trabalhando em conjunto para a ampliação do convênio com a França para a realização da segunda etapa para a produção de submarinos nucleares no Brasil, e que acreditam profundamente na concretização desse acordo.

“Inclusive no próximo dia 7, segunda-feira, vamos nos reunir às 11h30 no Arsenal de Marinha com o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), John Albuquerque; com o secretário estadual de Energia, Hugo Leal e com o Eduardo Eugênio, presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) para discutirmos o avanço da política industrial nuclear no Rio de Janeiro.

Jupy Junior

Jupy Junior é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) com Mestrado em Comunicação pela mesma instituição. Atuou em diversas empresas jornalísticas e como assessor de imprensa. Recebeu o título de cidadão itaguaiense, concedido pela Câmara Municipal de Itaguaí, em 2012. Lecionou em cursos de graduação em Comunicação Social nas Universidade Estácio de Sá (UNESA) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Foi subsecretário de Comunicação Social e Eventos na Prefeitura Municipal de Mangaratiba em 2016. Atuou como Editor Executivo do Jornal Atual entre 2012 e 2015 e é Diretor de Jornalismo do Jornal Atual desde 2021.

Recent Posts

Jasmim-do-cabo cresce mais com poda na lua certa

Veja como a fase da lua influencia o crescimento do jasmim-do-cabo e descubra a melhor…

2 horas ago

PM remove cinco toneladas de barricadas em Itaguaí

Policiais militares do 24º BPM (Queimados) realizaram, na manhã desta terça-feira (3), uma operação de…

17 horas ago

Moradores de Reta de Piranema pedem medidas de segurança viária

Moradores da Reta de Piranema, em Itaguaí, estão exigindo providências imediatas para melhorar a segurança…

18 horas ago

CCR RioSP abre vagas de emprego em Paraty

A CCR RioSP, concessionária responsável por trechos rodoviários e integrante do Grupo CCR, está com…

18 horas ago

Pix Automático passa a valer agora em junho

A partir de 16 de junho o sistema de pagamentos brasileiro ganha uma atualização na…

23 horas ago

Le Candee Sessions abre inscrições para artistas independentes em Itaguaí

Estão abertas as inscrições para a 1ª edição do projeto cultural “Le Candee Sessions -…

2 dias ago

This website uses cookies.