VLT no RJ serve como referência de ligação entre Itaguaí e Santa Cruz, que, até o momento, é apenas um projeto sem qualquer previsão de execução (Reprodução internet)
A ligação via trilhos do município de Itaguaí ao bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, continua uma novela sem fim. Nos últimos anos, algumas propostas chegaram a avançar em discussões com a Secretaria de Transportes do Rio de Janeiro (Setrans). A princípio a retomada da ligação seria na via férrea que já existe, ideia de complicada e dispendiosa execução. Mais tarde, surgiu a alternativa da implantação de uma linha ferroviária na qual transitaria o Veículo Leve sob Trilhos (VLT). A mudança, no entanto, não repercutiu em avanços no projeto, que segue paralisado.
Enquanto isso a população de Itaguaí, presa ao transporte rodoviário há décadas como única opção, sofre para conseguir cumprir trajetos caros, com horários limitados, e o sofrimento de não ver uma solução a curto prazo. A escolha quase que exclusiva pelo modal explica os problemas de deslocamento em Itaguaí: superlotação de ônibus, falta de manutenção dos veículos por empresas negligentes (continuamente multadas pelo Detro, mas isso nada resolve), e, claro, as aglomerações inevitáveis em meio à pandemia de Covid-19.
Não é raro o morador que precisa se deslocar entre Itaguaí e a capital se preocupar com horários: a depender do dia e da hora, fica-se preso em Itaguaí sem conseguir sair da cidade ou no RJ sem conseguir chegar em casa. Nos finais de semana, por exemplo, a quantidade de veículos intermunicipais em circulação cai consideravelmente. Empresas não são rigorosas nos horários estipulados para as linhas. Junta-se a isso o fato de que, dentro da cidade, o transporte está longe de cobrir com eficiência as necessidades dos cidadãos.
Eis o panorama pavoroso da precária situação dos transportes em Itaguaí, cidade que almeja, conforme já anunciou o governo que hoje ocupa a prefeitura, se tornar “a cidade modelo da região”. A depender da (falta de) infraestrutura, o desenvolvimento de Itaguaí está a muitos quilômetros de distância, muito mais do que os cerca de 50km que separam a cidade de alguns bairros da capital.
Um estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que, em média, o cidadão de Itaguaí perde cerca de duas horas por dia para ir e voltar de casa ao trabalho. Isso significa que essas pessoas também estão mais suscetíveis a desenvolverem problemas de saúde, causados principalmente pelo estresse. A implementação da linha férrea é uma das soluções que os especialistas apontam para desafogar o trânsito e amenizar o problema.
VLT: 20 MIL PASSAGEIROS/DIA
A construção e o funcionamento de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) possivelmente faria a diferença para muita gente que mora em Itaguaí. Proposta, com projeto desenhado, não falta. A ideia, que circula nos meios governamentais há mais de duas décadas, é implementar o monotrilho no mesmo trajeto da antiga linha férrea Santa Cruz-Itaguaí, ao longo de cinco estações. O projeto é da Companhia Estadual de Engenharia de Transporte e Logística (Central) e tem orçamento total de R$ 25 milhões, o que inclui a aquisição de dois VLTs que transportariam 20 mil passageiros por dia.
A ligação ferroviária entre a capital e Itaguaí voltou a ser assunto em maio de 2021 pela Firjan, na reunião que apresentou propostas para acender a faísca do desenvolvimento urbano em 10 cidades, dentre elas Itaguaí e Mangaratiba. O resultado foi um documento com sugestões para as prefeituras no período 2021-2024 que incluiu esse projeto como uma alavanca para dinamizar a economia da região. Mas, infelizmente, a chamada “vontade política”, até agora, não aconteceu.
PROJETO DE LINHA FÉRREA
A retomada da ligação entre Santa Cruz e Itaguaí começou em 1996, durante a privatização do sistema Flumitrens. O contrato estabelecia a empresa que opera o sistema como responsável pela reativação do trecho, o que nunca ocorreu. Posteriormente, a Central e a Supervia anunciaram a construção e a reinauguração da linha até 2015 (valores de 2009), mas, de novo, foram apenas palavras ao vento.
O estudo prévio da Supervia foi o primeiro a propor a reativação do trecho: incluía a extensão da estação de Santa Cruz até Itaguaí – um percurso de 11 quilômetros, com quatro novas estações no sistema, além da reforma da estação de Santa Cruz. São elas: Santa Cruz, João XXIII, São Fernando, Distrito Industrial e Itaguaí.
No contexto do projeto, porém, há dificuldades de implementação, devido ao desafio de liberação do leito da via. Grande parte da linha férrea encontra-se ocupada por construções irregulares em função da desativação do ramal em 1990, e o custo para desapropriações é alto – eis um dos principais entraves.
Há notícia de que em Santa Cruz populares construíram suas casas literalmente sobre os trilhos, e formaram uma comunidade inteira dentro do bairro. A remoção dessas pessoas, além de custosa, é sem dúvida conflituosa.
A ESTAÇÃO E O “MACAQUINHO”
A estação ferroviária de Itaguaí começou a funcionar em 1910. Cinquenta anos depois, o ramal já era praticamente usado somente para transporte de passageiros, com uma média de três viagens de ida e volta por dia. A partir de 1982, quando o Governo do Estado suspendeu os trens de passageiros para além da estação de Santa Cruz, a linha até a estação de Brisamar, em Itaguaí, fechou.
Hoje, a “Estação” – como é simplesmente conhecida – é um dos aparelhos de cultura do município e abriga principalmente exposições de arte. Sua arquitetura peculiar e seu passado férreo contribuem com um certo charme. Mas é fato que locais para exposições, na cidade, não faltam. A dúvida também reside no seguinte: a Estação, da forma como está, é capaz de receber um volume considerável de passageiros em um suposto serviço de VLTs? Ainda assim, o projeto contempla a reforma do local? São mais duas perguntas em meio a outras tantas que envolvem a religação Itaguaí-capital, que, no passado, foi dinâmica, eficaz e significativa.
Os mais antigos lembram do famoso trem “Macaquinho” (assim chamado porque transportava toneladas de banana, o principal ativo econômico de Mangaratiba nos dois séculos antecedentes), que ainda aparece em fotos antigas, carregadas de saudosismo. Os mesmos antigos contam que, não raro, tinha gente que “pegava carona” no trem para descer em Muriqui ou Itacuruçá a fim de banharem-se nas praias. Bons tempos que, a depender da morosidade dos poderes públicos, podem ficar somente nas fotos em preto e branco.
Em 1983, a antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA) removeu os trilhos e dormentes do trecho original entre Santa Cruz e Itaguaí e os trens passaram a circular somente entre Deodoro e Santa Cruz. Atualmente, o trecho entre Santa Cruz e Brisamar (em Itaguaí) está abandonado. O restante, que se estende até o Terminal portuário da Ilha Guaíba (TIG), em uso pela mineradora Vale, transporta apenas minério de ferro.
VLT COMO SOLUÇÃO
A iniciativa de implementar o VLT entrou nos planos de mobilidade do governo do estado nos últimos anos. O Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) de 2015 colocou como sugestão, para evitar o colapso no trânsito em 2021, o estudo do VLT Santa Cruz-Itaguaí. Mesmo caso do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PDUI/RMRJ), que, em 2018, também incluiu a proposta.
O ATUAL conversou com a assessoria do o ex-deputado estadual Carlo Caiado (DEM), que em maio de 2019 solicitou a atualização dos estudos por parte da Setrans. A proposta do parlamentar, que atualmente é presidente da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, incluía a construção de uma via dupla independente (para que os trens pudessem trafegar em ambos os sentidos), rede aérea elétrica e muros para o isolamento da linha do público.
Uma reunião em agosto de 2019 entre o governo do estado e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) firmou um convênio para fazer o levantamento do ramal e viabilizar o projeto do VLT. O ATUAL procurou a Setrans para comentar a viabilidade e possível início do projeto, porém não obteve resposta até o momento.
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