Colaboradora atípica é assistente administrativa no Porto Sudeste

Formada em biologia, fotógrafa nas horas vagas, fã de comida japonesa, casada, e mãe de pet. Essa é a Thagyla Nazario, colaboradora do Porto Sudeste. Assim como uma pessoa típica, ela já morou em república, viajou desacompanhada para São Paulo, fez ginástica rítmica e natação, tirou carteira de motorista. Mas alcançar tudo isso não foi fácil. Diagnosticada com transtorno do espectro autista (TEA) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), Thagyla precisou desenvolver alguns mecanismos para concluir as atividades.

“Comecei a perceber alguns sintomas na adolescência. Uma vez, fui à farmácia com as minhas duas melhores amigas. Uma delas conhecia o rapaz que estava na porta. As duas passaram e cumprimentaram ele. Na minha vez, eu simplesmente não consegui falar. Abaixei a cabeça e passei direto. Esse episódio, somado às festas de família, que sempre foi um grande incômodo por ter muita gente e muito barulho, me fez pensar sobre porque eu agia dessa forma, porque essas situações me incomodavam tanto.  E isso me fez ir buscar entender o que estava acontecendo comigo”, lembrou Thagyla.

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O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio que afeta o comportamento do indivíduo, e os primeiros sinais podem ser notados em bebês de poucos meses. Pessoas autistas podem apresentar padrões comportamentais repetitivos, dificuldade em interagir e restrição em determinada atividade, interesse ou alimento. Cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu conjunto de sintomas variados e características bastante particulares. E tudo isso vai influenciar como cada um se relaciona, se expressa e se comporta.

O diagnóstico tardio, aos 25 anos, foi um fator que dificultou a evolução de Thagyla. “Sempre notei que era diferente, mas não sabia que poderia ter algo. Certamente, se eu tivesse recebido meu diagnóstico antes, teria evitado algumas situações ao longo dos anos, como ser chamada de antissocial, mal-educada, grosseira. Também teria concluído a faculdade em bem menos tempo. Levei oito anos para me formar. Fiquei surpresa, mas aliviada por saber o que tenho e conseguir iniciar o tratamento para seguir minha vida”. 

Hoje, aos 27 anos, ela trabalha como assistente administrativa no Porto Sudeste, sendo responsável pelo gerenciamento de contratos e pagamentos. E como o convívio social, sua maior fobia, faz parte do dia a dia do ambiente de trabalho, ela busca reduzir a interação, priorizando o contato via e-mails ou mensagens, guardando sua bateria social para reuniões e momentos que demandem sua presença. Nas horas vagas, se dedica a uma grande paixão: a fotografia. “Além do meu trabalho durante a semana, gosto de me dedicar a um hobby que me acalma e me faz lembrar da minha mãe, que é a fotografia de famílias”, conta Thagyla, que é casada com Carlos, seu maior apoio e incentivador.

Para quem, assim como ela, tem TEA, TDAH, ou outra deficiência oculta, Thagyla mostra que é possível sim levar uma vida como qualquer outra pessoa. “Ao longo dos anos, fui desenvolvendo algumas estratégias para viver em sociedade. Minha condição me permite sair sozinha, e fazer todas as tarefas, como estudar, trabalhar. Posso levar mais tempo, pois tenho algumas dificuldades, como atravessar a rua. Às vezes, acontece de pegar o ônibus errado, mas eu sempre chego ao meu destino. Também frequento restaurantes, festas, reuniões. Quando me sinto muito esgotada, me isolo por alguns minutos ou, simplesmente, vou embora. Mas eu sempre procuro estar presente”.

Abril azul

O mês de abril foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas, ONU, como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo, e dar visibilidade ao tema. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA.

Redação

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